São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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Acordos PT-PMDB para eleição naufragam

Petistas planejavam fazer do PMDB seu grande aliado nas cem maiores cidades; peemedebistas vêem falta de "contrapartida"

PT e PMDB têm negociação em só 34 cidades; em outros 5 municípios, os acordos estão indefinidos e, em 61, a chance de aliança é mínima


SIMONE IGLESIAS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O planejamento do PT de fazer do PMDB seu maior aliado nas eleições municipais deste ano, especialmente nas cem maiores cidades do país, esbarra em problemas locais e, segundo peemedebistas, na falta de "contrapartida", fazendo com que acordos em estágio avançado naufraguem.
Dos cem maiores municípios, PT e PMDB negociam disputar juntos em apenas 34, enquanto em 61 não existe até o momento acordo capaz de convencer petistas e peemedebistas a deixarem de se enfrentar nas urnas. Em cinco municípios há indefinição.
As direções nacionais do PT e do PMDB resolveram estimular ao máximo as alianças nos principais colégios eleitorais, mas esse esforço não tem se concretizado. São Paulo e Salvador eram tratadas como as melhores vitrines dessa parceria. Em Campo Grande (MS) e Maceió (AL), alianças que já tinham sido praticamente fechadas acabaram suspensas.
Em Manaus (AM), a coligação naufragou, e os petistas realizam prévia neste domingo para lançar candidato próprio.
Na capital paulista, o PMDB surpreendeu os petistas ao apoiar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). A decisão do PT de Salvador (BA) de fazer prévia entre quatro pré-candidatos implodiu a coligação com o PMDB, contrariando negociação entre o Palácio do Planalto e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) em favor do apoio a João Henrique (PMDB).
"O PT tem dificuldade pelo número de tendências internas em dar apoio. Tem mais facilidade em ser apoiado. É difícil ter contrapartida", disse Geddel. Ele criticou a posição do PT baiano de desfazer o acordo.
"Em Salvador, tínhamos clara expectativa de receber apoio do PT. Sou do PMDB e ministro do Lula e, em vez de fecharmos acordo, o PT resolveu encerrar as negociações. Em Maceió, onde estava tudo encaminhado, também degringolou", disse.
Para a direção nacional do PT, as dificuldades esbarram nas diferenças regionais, mas o partido fará o possível para resolver impasses.
"Queremos o PMDB como principal aliado e isso é importante porque sinaliza para 2010. As eleições municipais são o primeiro tempo de um jogo que se completará daqui a dois anos, quando buscaremos a continuidade de um processo que se iniciou em 2002, com a eleição do presidente Lula", disse Romênio Pereira, secretário de Assuntos Institucionais do PT nacional.
Segundo ele, na medida em que insistirem no entendimento nas grandes cidades, acabarão aliados em mais de 2.000 municípios. "As alianças nas grandes cidades terão reflexo nos municípios do interior."
O problema é que esse entendimento não está sendo fácil. Há um mês, o PT calculava que faria acordo com o PMDB em 14 capitais. Hoje, há perspectiva de se concretizar em sete: Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Teresina (PI), Natal (RN), Vitória (ES) e Boa Vista (RR), sendo que o PT terá o apoio do PMDB em cinco e apoiará os peemedebistas em apenas uma, Goiânia. Em Boa Vista, ambos apoiarão o PSB.
Em 15 capitais, as chances são mínimas e, em algumas delas, totalmente inviáveis, como São Luís (MA), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Rio Branco (AC).
Em 2004, sem o estímulo das direções partidárias para que houvesse coligações, PT e PMDB concorreram aliados em apenas cinco das cem maiores cidades do país (três capitais) e, em 2000, disputaram unidos em seis municípios, mas em nenhuma capital.


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