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Presidente fala em solidariedade
DO ENVIADO A CARTAGENA
O presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem a
"solidariedade democrática" entre os países da América Latina
para que a região consiga estabilidade e avanços políticos, econômicos e sociais.
Falando para outros 18 países
participantes da cúpula do Grupo
do Rio, na Colômbia, FHC afirmou que a democracia "é questão
urgente e prioritária" na região.
De acordo com FHC, "solidariedade democrática significa que
não se pode aceitar ou conviver
com retrocessos, com rupturas da
institucionalidade democrática,
além de um trabalho cotidiano,
que é de todos os países, de aperfeiçoamento e fortalecimento das
instituições que tornam possível o
Estado de Direito".
A busca do aperfeiçoamento e
do aprofundamento da democracia foi um dos três temas centrais
da 14ª reunião de cúpula do Grupo do Rio, encerrada ontem.
Coube ao presidente brasileiro
dar o tom dessa discussão, que
ocupou boa parte da manhã.
"Todos os desafios mais prementes que temos a enfrentar
passam necessariamente pela democracia: o da justiça social, o da
distribuição da renda, o da erradicação da miséria, o do combate ao
narcotráfico e o do meio ambiente", disse FHC.
Num recado indireto ao colega
peruano Alberto Fujimori, que teve sua re-reeleição contestada por
vários setores da comunidade internacional, FHC afirmou que o
aperfeiçoamento democrático "é
uma tarefa nacional e intransferível", mas que "as críticas vindas
do exterior são ajuda importante
nesse sentido".
"Na América Latina de hoje, cada país tem a consciência de que
pouco ou nada haveria a ganhar
-e muito haveria a perder- no
isolamento que decorreria inevitavelmente de uma atitude de impermeabilidade aos sinais recebidos do exterior", disse.
FHC continuou, em tom de advertência, sugerindo que o Peru
cumpra sua promessa de reformar as instituições políticas, partidárias e eleitorais, respeitando o
desejo dos cidadãos.
"A soberania não pode ser um
instrumento para frear o aperfeiçoamento democrático, assim como não pode servir como escudo
para a transgressão dos direitos
humanos", disse FHC.
O presidente disse que cada vez
mais os países latino-americanos
estão integrados, política e economicamente, entre si e com outros
blocos em todo o mundo.
Citando o historiador Joaquim
Nabuco, FHC disse que a solução
para os problemas da democracia
se encontra dentro de cada país,
mas se fortalece pela existência de
opinião favorável nos países vizinhos. Para isso, "há necessidade
de um trabalho cuidadoso de sintonia fina" entre os dois pontos.
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