São Paulo, sábado, 17 de junho de 2000


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Marka e BC já tinham acordo, afirma BM&F

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor-geral da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Edemir Pinto, informou ontem, por meio de uma nota à Folha, que o Banco Central e o banco Marka já haviam fechado um acordo quando foi procurado, em janeiro de 1999, pelo banqueiro Salvatore Cacciola, por telefone.
Em depoimento à Justiça Federal, anteontem, Cacciola, que está preso, disse ter telefonado para Pinto para saber como enviar recursos de fundos de investimento para o exterior, operação realizada após a desvalorização do real, quando o patrimônio do Marka já havia se tornado negativo.
Na nota à Folha, o diretor-geral do BM&F confirmou que foi procurado por telefone pelo banqueiro, mas disse que, naquele momento, não prestou nenhuma informação. Segundo Pinto, esse tipo de operação não está ligado à Bolsa de Mercadorias & Futuros.
"A liquidação (dos contratos) implicaria repatriamento de recursos. A BM&F limita-se a registrar transações realizadas dentro de seus sistemas operacionais", informou.
Em janeiro do ano passado, quando houve o socorro ao Marka, Pinto ocupava a superintendência de liquidação e custódia da BM&F. Era considerado "o segundo homem" na instituição.
Edemir Pinto informou que, após ser consultado por Cacciola, telefonou ao Banco Central e conversou com a então diretora de Fiscalização, Tereza Grossi.
Em sua nota, o diretor-geral da BM&F afirmou que a consulta ao Banco Central decorreu de uma preocupação diante das "mudanças bruscas no câmbio", apesar de a operação financeira que interessava ao dono do banco Marka não estar diretamente ligada à Bolsa de Mercadorias & Futuros.
Tereza Grossi teria afirmado conhecer a operação direta proposta por Cacciola e estar "de acordo".

Diferença
Quando o Banco Central determinou que a BM&F liquidasse os negócios do Marka, Pinto disse que procurou novamente a diretora de Fiscalização para consultá-la sobre a operação, que incluiria uma diferença de 1.350 contratos que favoreceria o Marka.
Na ocasião, a direção do BM&F informou a Tereza Grossi que o banco Marka tinha 11.300 contratos de venda abertos e que o Banco Central havia autorizado liquidar 12.650 contratos.
Em resposta, Pinto teria sido informado por Tereza Grossi que a operação estava correta e que a diferença destinava-se a "cobrir todos os compromissos cambiais do Marka".
O diretor-geral do BM&F informou que prestou todos os esclarecimentos à CPI dos Bancos e à Polícia Federal. Segundo sua assessoria de imprensa, ele irá repetir essas mesmas declarações à Justiça Federal, quando for chamado a depor.
Pinto negou qualquer irregularidade nas operações financeiras e informou que a Bolsa de Mercadorias & Futuros não participou de negociações irregulares com o dono do banco Marka.


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