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Marka e BC já tinham
acordo, afirma BM&F
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-geral da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F),
Edemir Pinto, informou ontem,
por meio de uma nota à Folha,
que o Banco Central e o banco
Marka já haviam fechado um
acordo quando foi procurado, em
janeiro de 1999, pelo banqueiro
Salvatore Cacciola, por telefone.
Em depoimento à Justiça Federal, anteontem, Cacciola, que está
preso, disse ter telefonado para
Pinto para saber como enviar recursos de fundos de investimento
para o exterior, operação realizada após a desvalorização do real,
quando o patrimônio do Marka já
havia se tornado negativo.
Na nota à Folha, o diretor-geral
do BM&F confirmou que foi procurado por telefone pelo banqueiro, mas disse que, naquele momento, não prestou nenhuma informação. Segundo Pinto, esse tipo de operação não está ligado à
Bolsa de Mercadorias & Futuros.
"A liquidação (dos contratos)
implicaria repatriamento de recursos. A BM&F limita-se a registrar transações realizadas dentro
de seus sistemas operacionais",
informou.
Em janeiro do ano passado,
quando houve o socorro ao Marka, Pinto ocupava a superintendência de liquidação e custódia da
BM&F. Era considerado "o segundo homem" na instituição.
Edemir Pinto informou que,
após ser consultado por Cacciola,
telefonou ao Banco Central e conversou com a então diretora de
Fiscalização, Tereza Grossi.
Em sua nota, o diretor-geral da
BM&F afirmou que a consulta ao
Banco Central decorreu de uma
preocupação diante das "mudanças bruscas no câmbio", apesar de
a operação financeira que interessava ao dono do banco Marka não
estar diretamente ligada à Bolsa
de Mercadorias & Futuros.
Tereza Grossi teria afirmado conhecer a operação direta proposta
por Cacciola e estar "de acordo".
Diferença
Quando o Banco Central determinou que a BM&F liquidasse os
negócios do Marka, Pinto disse
que procurou novamente a diretora de Fiscalização para consultá-la sobre a operação, que incluiria uma diferença de 1.350 contratos que favoreceria o Marka.
Na ocasião, a direção do BM&F
informou a Tereza Grossi que o
banco Marka tinha 11.300 contratos de venda abertos e que o Banco Central havia autorizado liquidar 12.650 contratos.
Em resposta, Pinto teria sido informado por Tereza Grossi que a
operação estava correta e que a diferença destinava-se a "cobrir todos os compromissos cambiais
do Marka".
O diretor-geral do BM&F informou que prestou todos os esclarecimentos à CPI dos Bancos e à Polícia Federal. Segundo sua assessoria de imprensa, ele irá repetir
essas mesmas declarações à Justiça Federal, quando for chamado a
depor.
Pinto negou qualquer irregularidade nas operações financeiras e
informou que a Bolsa de Mercadorias & Futuros não participou
de negociações irregulares com o
dono do banco Marka.
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