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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente do TSE disse a peemedebistas, na madrugada de sábado, ter dúvida sobre liminar que suspendia convenção
Avaliação de Jobim ajudou cúpula do PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), Nelson Jobim,
ao ser procurado por dirigentes
do PMDB na madrugada de sábado, manifestou dúvida sobre a
fundamentação da liminar que
suspendeu a convenção nacional
do partido, segundo relato de peemedebistas à Folha.
A cúpula do PMDB entendeu o
comentário como sinal de que o
grupo teria sucesso ao apresentar
o recurso para cassar a liminar,
que havia sido dada horas antes
pelo ministro Sálvio de Figueiredo à ala oposicionista do partido.
Os governistas confiavam na
sua interpretação jurídica, mas tinham pressa de derrubar a liminar e queriam trilhar um caminho
seguro. Eles temiam que o eventual atraso no início da convenção, marcada para as 9h do sábado, desmobilizasse os convencionais que chegaram a Brasília na
véspera e que pretendiam retornar a seus Estados no mesmo dia.
Jobim é amigo do candidato do
governo à Presidência, José Serra
(PSDB), e foi deputado pelo
PMDB do Rio Grande do Sul e
ministro da Justiça no primeiro
mandato do presidente Fernando
Henrique Cardoso, que o indicou
para o Supremo em 1997.
O adiamento da convenção colocaria em risco a sua própria realização posterior e, consequentemente, a formalização do apoio
do PMDB à candidatura de Serra.
A Folha apurou que o ministro
não antecipou qual seria sua decisão aos dirigentes peemedebistas.
Politicamente Jobim socorreu
os peemedebistas, afastando o risco de frustração da convenção, já
que, no mapa de votos, a cúpula
do partido contabilizava vantagem suficiente para fechar a aliança com Serra e indicar a deputada
Rita Camata (PMDB-ES) a vice.
Os convencionais de São Paulo,
por exemplo, teriam que viajar rapidamente, porque deveriam participar ontem da convenção estadual do PMDB (leia na pág. A-6).
Jobim confirmou, por meio de
sua assessoria, que havia conversado com peemedebistas, mas negou ter dado qualquer orientação
sobre o caminho judicial adequado ou ter indicado como decidiria
caso recebesse um recurso naquela madrugada.
Estiveram na casa dele o presidente do PMDB, Michel Temer
(SP), o deputado Geddel Vieira
Lima (BA) e o ex-ministro Eliseu
Padilha (Transportes).
O objetivo da visita seria entregar pessoalmente o recurso, já
que não havia funcionário de
plantão no prédio do TSE para recebê-lo. Segundo a assessoria de
Jobim, o ministro apenas disse a
eles que o mandado de segurança
precisaria ser levado à casa de um
funcionário, que o enviaria a ele.
Esse fato deverá ser explorado
politicamente pelos oposicionistas. Às 19h40 de anteontem, logo
após o término da convenção, os
advogados do senador Roberto
Requião (PR), que pleiteou na
convenção a indicão de seu nome
como
entraram com recurso no
STF (Supremo Tribunal Federal)
contestando a validade da convenção.
O senador argumentou que havia feito sucessivas tentativas de
apresentação desse recurso no
próprio TSE. Ele disse que, como
o protocolo do tribunal estava fechado, os advogados tentaram localizar Figueiredo e outros ministros durante todo o dia, mas não
os encontraram.
São praticamente nulas as chances de o Supremo conceder a liminar pedida por Requião para impedir a publicação do resultado
da convenção e, no mérito, declará-la sem validade. A razão é processual: esse tipo de recurso precisaria ser movido no TSE.
O próprio Requião reconhece
essa dificuldade. "Precisávamos
do pronunciamento contrário do
TSE para depois recorrer ao STF."
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