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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Tucano fez acordo para obter apoio em convenção; partido quer ainda a presidência da Câmara ou do Senado
Se eleito, Serra dará 3 ministérios ao PMDB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PMDB fez um acordo com o candidato do PSDB ao
Planalto, José Serra, pelo qual o
partido terá direito a três ministérios e à presidência de uma das
duas Casas do Congresso, caso o
tucano vença a eleição.
A Folha apurou que esse acerto
foi decisivo para o PSDB obter anteontem o apoio oficial do PMDB,
partido que indicou a deputada
federal Rita Camata (ES) para vice. O acordo e a vice simbolizam a
troca dos pefelistas pelos peemedebistas como aliados preferenciais dos tucanos.
Se um deputado peemedebista
presidir a Câmara, a bancada de
senadores indicaria dois ministros. Se um peemedebista dirigir o
Senado, os deputados teriam
duas pastas. Por ser o parceiro
preferencial, o PMDB obteve a
promessa de que terá ministérios
de peso. Negociações futuras definirão quais serão as pastas.
"É absolutamente natural que o
PMDB queira ajudar na eleição e
no governo. Essa ajuda é exercendo o poder, o que tem de ser tratado de forma transparente para
não ser transformado em algo
menor", diz o líder do partido na
Câmara, Geddel Vieira Lima
(BA), cotado para presidir a Câmara ou ocupar um ministério.
Nas conversas reservadas, Serra
sinaliza estar propenso a repetir a
repartição de poder feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995. Ou seja, dar a um
terceiro partido uma das duas Casas no Congresso, deixando os tucanos fora do topo no Poder Legislativo.
Reconquista do PFL
Serra deseja atrair o PFL. Assim,
conseguiria força para aprovar logo no início do mandato os projetos mais difíceis, como uma reforma tributária e uma emenda
constitucional que permita maior
ingerência federal na segurança
pública, área hoje basicamente a
cargo dos Estados.
Serra avalia que FHC perdeu
oportunidades no começo do governo, quando estava forte devido
ao efeito do fim da inflação.
Daí estar disposto a deixar o
PSDB de fora do poder congressual, o que deverá causar confusão num partido que trincou a
unidade da base de sustentação
de FHC ao conquistar a presidência da Câmara em 2001. Foi ali que
ficou claro que dificilmente caberiam três partidos na aliança oficial em 2002. Resultado: PSDB e
PMDB se uniram, expelindo o
PFL, o que provocou turbulência
política para FHC.
Os peemedebistas mais aventados para os ministérios e os postos de comando no Congresso
são: Geddel, Michel Temer (SP),
ex-presidente da Câmara e atual
presidente do PMDB, Renan Calheiros (AL), líder do partido no
Senado, e Ramez Tebet (MS), presidente do Senado.
Fusão e parlamentarismo
Outros dois assuntos são abordados por Serra em encontros reservados: fusão entre PSDB e
PMDB e parlamentarismo.
A eventual fusão é vista como
mais factível, porque interessaria
a setores expressivos de outros
partidos, como PFL, PPB e PT.
Para Serra, FHC teve de negociar
com siglas demais. Uma reforma
partidária, desencadeada ainda
no seu primeiro ano de governo,
poderia diminuir a necessidade
de negociações fisiológicas para
aprovar projetos no Congresso.
Serra demonstra entusiasmo
pelo parlamentarismo, mas também resignação diante da dificuldade de tirá-lo do papel. Em 1993,
um plebiscito rejeitou a mudança
do sistema de governo.
O tucano julga que o presidencialismo não compromete o Legislativo com a condução do governo. Serra pretender lançar a
idéia parlamentarista, mas, se a
repercussão for negativa, não a
colocará entre suas prioridades.
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