São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano fez acordo para obter apoio em convenção; partido quer ainda a presidência da Câmara ou do Senado

Se eleito, Serra dará 3 ministérios ao PMDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PMDB fez um acordo com o candidato do PSDB ao Planalto, José Serra, pelo qual o partido terá direito a três ministérios e à presidência de uma das duas Casas do Congresso, caso o tucano vença a eleição.
A Folha apurou que esse acerto foi decisivo para o PSDB obter anteontem o apoio oficial do PMDB, partido que indicou a deputada federal Rita Camata (ES) para vice. O acordo e a vice simbolizam a troca dos pefelistas pelos peemedebistas como aliados preferenciais dos tucanos.
Se um deputado peemedebista presidir a Câmara, a bancada de senadores indicaria dois ministros. Se um peemedebista dirigir o Senado, os deputados teriam duas pastas. Por ser o parceiro preferencial, o PMDB obteve a promessa de que terá ministérios de peso. Negociações futuras definirão quais serão as pastas.
"É absolutamente natural que o PMDB queira ajudar na eleição e no governo. Essa ajuda é exercendo o poder, o que tem de ser tratado de forma transparente para não ser transformado em algo menor", diz o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), cotado para presidir a Câmara ou ocupar um ministério.
Nas conversas reservadas, Serra sinaliza estar propenso a repetir a repartição de poder feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995. Ou seja, dar a um terceiro partido uma das duas Casas no Congresso, deixando os tucanos fora do topo no Poder Legislativo.

Reconquista do PFL
Serra deseja atrair o PFL. Assim, conseguiria força para aprovar logo no início do mandato os projetos mais difíceis, como uma reforma tributária e uma emenda constitucional que permita maior ingerência federal na segurança pública, área hoje basicamente a cargo dos Estados.
Serra avalia que FHC perdeu oportunidades no começo do governo, quando estava forte devido ao efeito do fim da inflação.
Daí estar disposto a deixar o PSDB de fora do poder congressual, o que deverá causar confusão num partido que trincou a unidade da base de sustentação de FHC ao conquistar a presidência da Câmara em 2001. Foi ali que ficou claro que dificilmente caberiam três partidos na aliança oficial em 2002. Resultado: PSDB e PMDB se uniram, expelindo o PFL, o que provocou turbulência política para FHC.
Os peemedebistas mais aventados para os ministérios e os postos de comando no Congresso são: Geddel, Michel Temer (SP), ex-presidente da Câmara e atual presidente do PMDB, Renan Calheiros (AL), líder do partido no Senado, e Ramez Tebet (MS), presidente do Senado.

Fusão e parlamentarismo

Outros dois assuntos são abordados por Serra em encontros reservados: fusão entre PSDB e PMDB e parlamentarismo.
A eventual fusão é vista como mais factível, porque interessaria a setores expressivos de outros partidos, como PFL, PPB e PT. Para Serra, FHC teve de negociar com siglas demais. Uma reforma partidária, desencadeada ainda no seu primeiro ano de governo, poderia diminuir a necessidade de negociações fisiológicas para aprovar projetos no Congresso.
Serra demonstra entusiasmo pelo parlamentarismo, mas também resignação diante da dificuldade de tirá-lo do papel. Em 1993, um plebiscito rejeitou a mudança do sistema de governo.
O tucano julga que o presidencialismo não compromete o Legislativo com a condução do governo. Serra pretender lançar a idéia parlamentarista, mas, se a repercussão for negativa, não a colocará entre suas prioridades.



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