São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Preso pela 2ª vez, prefeito de Juiz de Fora renuncia

Bejani é acusado de integrar esquema de corrupção; vice assume e demite 3 secretários

Petebista deixa cargo para tentar salvar seus direitos políticos, mas Câmara quer que o Ministério Público peça sua cassação à Justiça


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Da penitenciária na região metropolitana de Belo Horizonte onde está preso sob a suspeita de corrupção, Carlos Alberto Bejani (PTB) renunciou ontem ao cargo de prefeito de Juiz de Fora (MG) para tentar salvar seus direitos políticos.
Sua carta-renúncia chegou pela manhã à Câmara Municipal, que estava pronta para instaurar um processo de cassação. O vice-prefeito José Eduardo Araújo (PR) assumiu a prefeitura e demitiu três dos principais auxiliares de Bejani.
A Câmara aprovou por unanimidade um relatório a ser enviado ao Ministério Público Estadual para abertura de inquérito civil, com o pedido de cassação dos direitos políticos de Bejani -como ele renunciou, a Câmara não pode mais abrir processo contra ele.
Entre os demitidos por Araújo está Ricardo Francisco Monteiro, irmão do deputado federal cassado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
Monteiro se tornou secretário de Gestão Estratégica e Planejamento devido a um pedido de Jefferson a Bejani, conforme o próprio ex-deputado relatou a uma rádio de Juiz de Fora há três anos, no auge do escândalo do mensalão -Jefferson é réu no processo desse caso.
Além de Monteiro, foram demitidas a secretária da Saúde e braço direito de Bejani, Maria Aparecida Soares, e a mulher do ex-prefeito e secretária da Política Social, Vanessa Bejani, que, ao saber da decisão, entregou uma carta de demissão.
O novo prefeito não quis entrar no mérito das acusações contra Bejani nem comentar as mudanças imediatas em alguns postos-chave na prefeitura, especialmente em relação às demissões. "Já estão fora", disse.
Mais mudanças, segundo Araújo, devem ocorrer nos próximos dias, tendo em vista serem 25 os cargos de confiança entre secretarias e superintendências. "Vamos tirando, muita coisa vai mudar", afirmou ele, que disse, no entanto, não haver problemas de corrupção dentro da máquina da prefeitura. "Isso é um caso isolado, os funcionários são corretos."
Bejani foi preso pela Polícia Federal na última quinta, pela segunda vez. Ele faz parte de uma lista de acusados de envolvimento em esquema de desvio de recursos de prefeituras. Na primeira vez que foi preso, em abril, a PF apreendeu na sua casa R$ 1,12 milhão em dinheiro.
Na ocasião, a PF encontrou em seu gabinete duas gravações que mostram Bejani recebendo maços e pacotes de dinheiro de um empresário de ônibus, também preso. Em uma delas, Bejani fala de suposto encontro com o ex-ministro José Dirceu (PT) para tratar de convênio de R$ 70 milhões, o que geraria "comissão de R$ 7 milhões". A PF decidiu apurar o caso. Dirceu nega envolvimento no caso.
O órgão, porém, confirmou que investiga o contrato com o Ministério das Cidades e que pedirá que Dirceu seja ouvido por meio de carta precatória.


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