|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líder sem-terra é morta em emboscada em Mato Grosso
Segundo a polícia, Helena Souza Ferreira tinha desavenças com outras lideranças
Filho de líder também sofre atentado, mas sobrevive; acusado de assassinato está foragido, de acordo com o delegado que investiga caso
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma liderança sem-terra foi
assassinada com um tiro de espingarda no fim de semana em
um assentamento em Rosário
Oeste (150 km de Cuiabá).
Helena Souza Ferreira, 45,
era presidente da Associação
dos Produtores Rurais e Assentados da fazenda Cocal e tinha
desavenças com outros líderes
da entidade, segundo informações da Polícia Civil.
A emboscada aconteceu no
sábado, por volta das 14h, quando um homem com capuz, em
uma motocicleta, acertou um
tiro em seu peito.
Em seguida, o assassino teria
ido até a casa de Ferreira e disparado contra o filho dela, Ronaldo Ferreira, acertando-o no
braço. Ele sobreviveu. Segundo
a polícia, o suspeito, Creiton
Oliveira Silva, está foragido.
Ferreira morava no acampamento da fazenda, uma área de
6.000 hectares adquirida pelo
Incra no ano passado e que ainda não foi dividida em lotes.
A fazenda foi invadida pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Cerca de cem famílias vivem
atualmente no local.
Segundo o delegado Rui Aparecido Ribeiro, Nicodemo Rodrigues da Silva, integrante da
associação e pai do suposto assassino, queria que a entidade
comprasse um ônibus para levar assentados do acampamento até Cuiabá. A idéia tinha resistência de Ferreira, que teria
passado, então, a sofrer ameaças, de acordo com Ribeiro.
A Folha não conseguiu entrar em contato com a família
do acusado. O enterro de Ferreira foi ontem.
Pernambuco
Cerca de 120 lavradores ligados ao MST invadiram ontem à
tarde o prédio da superintendência do Incra em Recife.
Os manifestantes trancaram
os portões com correntes e impediram a entrada e a saída de
funcionários por duas horas. A
saída dos servidores só foi permitida após o Incra prometer
negociar com os sem-terra.
Não houve negociação, e os
invasores se irritaram. "Amanhã [hoje] ninguém entra
aqui", disse o líder da ação e integrante da direção estadual do
MST, Alexandre Damázio.
O MST quer a posse de parte
dos engenhos da usina Catende
(156 km de Recife), que é reivindicada também pela Fetape
(Federação dos Trabalhadores
na Agricultura de Pernambuco). A área é hoje comandada
por ex-empregados da indústria, que faliu.
Procurado, o superintendente do Incra em Recife, Abelardo
Siqueira, não foi encontrado
para comentar a invasão.
Colaborou FÁBIO GUIBU ,
da Agência Folha, em Recife
Texto Anterior: Em SP, Lula defende Dilma para intelectuais Próximo Texto: Documento da Unifesp revela que reitor já era investigado desde 2003 Índice
|