São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Líder sem-terra é morta em emboscada em Mato Grosso

Segundo a polícia, Helena Souza Ferreira tinha desavenças com outras lideranças

Filho de líder também sofre atentado, mas sobrevive; acusado de assassinato está foragido, de acordo com o delegado que investiga caso


MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma liderança sem-terra foi assassinada com um tiro de espingarda no fim de semana em um assentamento em Rosário Oeste (150 km de Cuiabá).
Helena Souza Ferreira, 45, era presidente da Associação dos Produtores Rurais e Assentados da fazenda Cocal e tinha desavenças com outros líderes da entidade, segundo informações da Polícia Civil.
A emboscada aconteceu no sábado, por volta das 14h, quando um homem com capuz, em uma motocicleta, acertou um tiro em seu peito.
Em seguida, o assassino teria ido até a casa de Ferreira e disparado contra o filho dela, Ronaldo Ferreira, acertando-o no braço. Ele sobreviveu. Segundo a polícia, o suspeito, Creiton Oliveira Silva, está foragido.
Ferreira morava no acampamento da fazenda, uma área de 6.000 hectares adquirida pelo Incra no ano passado e que ainda não foi dividida em lotes. A fazenda foi invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Cerca de cem famílias vivem atualmente no local.
Segundo o delegado Rui Aparecido Ribeiro, Nicodemo Rodrigues da Silva, integrante da associação e pai do suposto assassino, queria que a entidade comprasse um ônibus para levar assentados do acampamento até Cuiabá. A idéia tinha resistência de Ferreira, que teria passado, então, a sofrer ameaças, de acordo com Ribeiro.
A Folha não conseguiu entrar em contato com a família do acusado. O enterro de Ferreira foi ontem.

Pernambuco
Cerca de 120 lavradores ligados ao MST invadiram ontem à tarde o prédio da superintendência do Incra em Recife. Os manifestantes trancaram os portões com correntes e impediram a entrada e a saída de funcionários por duas horas. A saída dos servidores só foi permitida após o Incra prometer negociar com os sem-terra.
Não houve negociação, e os invasores se irritaram. "Amanhã [hoje] ninguém entra aqui", disse o líder da ação e integrante da direção estadual do MST, Alexandre Damázio. O MST quer a posse de parte dos engenhos da usina Catende (156 km de Recife), que é reivindicada também pela Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco). A área é hoje comandada por ex-empregados da indústria, que faliu.
Procurado, o superintendente do Incra em Recife, Abelardo Siqueira, não foi encontrado para comentar a invasão.


Colaborou FÁBIO GUIBU , da Agência Folha, em Recife


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