São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
Próximo Texto | Índice

PAINEL

Abriu a guarda

ACM acha que Sepúlveda Pertence (STF) aproveitou-se de seu atrito com Michel Temer para ""golpear o Congresso", ao cancelar a quebra do sigilo bancário e fiscal de Francisco Lopes (ex-BC). O troco virá na volta do baiano de Lisboa.

Conflito de poderes

ACM avalia que a liminar de Pertence é uma paulada no Congresso. Por isso deve pedir que o STF julgue logo o mérito. Teme que, na esteira de Lopes, outros consigam não ter o sigilo quebrado, comprometendo de vez o trabalho das CPIs.

Meus sais!

Com muito custo ACM embarcou no avião que o levaria a Recife e, de lá, para Lisboa. Estava possesso com Sepúlveda Pertence. Só viajou depois de ser convencido, pelos amigos, de que, se não fosse, pareceria que era por causa do atrito com Temer.

De bandeja pro inimigo

A decisão da Ford de instalar na Bahia de ACM a fábrica que iria construir no RS aumentou o desconforto na cúpula do PT com Olívio Dutra. O governador gaúcho já era criticado internamente por inabilidade na negociação com a montadora.

Apetite federal

Nem bem a CPMF voltou, já há gente no governo defendendo a extensão da idéia. Em recente reunião com ONGs, Maria Helena Guimarães, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), defendeu a criação de uma taxa similar para a Educação.

Cobrança doméstica

De Paulo Hartung (PSDB), sobre a rolagem dos títulos dos precatórios autorizada pelo Senado: "Nada justifica a União assumir títulos para pagar precatórios cercados de irregularidades no momento em que o país passa por um brutal ajuste fiscal".

Guerra fiscal

O MS anuncia hoje redução de 17% para 12% do ICMS sobre carros. Para não perder vendas para SP, que cobra 9,5%. O RJ tomou a mesma medida. O Estado criará também um alíquota extra, de 2,5%, para quem comprar o carro em lojas paulistas e licenciar dentro de suas divisas.

Ninguém é de ferro

Temer (PMDB) levará uma pequena comitiva à conferência de presidentes de parlamentos em Lisboa: Geddel Lima (PMDB), Henrique Alves (PMDB), Marcelo Déda (PT) e Aloysio Nunes (PSDB). Depois, os peemedebistas esticam até Paris.

Delírio total

Amigos do novo diretor da PF, João Batista Campelo, encontraram um culpado para a denúncia do envolvimento dele com a tortura: tudo não passaria de armação do narcotráfico para desestabilizar o governo.

Café requentado

"O narcotráfico movimenta R$ 8 bi no país e é o grande mentor da armação contra o Campelo", diz Elton Rohnelt (PFL-RR). Em 1970, quando teriam ocorrido os fatos que pesam contra o delegado, o bode expiatório costumava ser o comunismo internacional.


Filme B
Chamado de "mordomo de filme de terror" por ACM, Michel Temer foi aconselhado a responder na mesma moeda e a comparar o senador ao sargento Garcia, da série ""Zorro". Mas achou melhor expor as relações do baiano com o falido Banco Econômico e seus interesses na área elétrica.

Aposta perdida

O governo de São Paulo, que também estava no páreo, acha que a Bahia, para levar a nova fábrica da Ford, paga um preço muito elevado pela quantidade de empregos a ser gerada.

Muitas oitavas

A Fundação Padre Anchieta, do governo de São Paulo, assinou convênio com o Metropolitan Opera House, de Nova York, para que a rádio Cultura-FM transmita ao vivo uma montagem lírica por semana.

Visita à Folha

O presidente do Grupo TeleTV, Amilcare Dallevo Junior, e o diretor de Relações com o Mercado, Túlio Silviano Brandão, visitaram ontem a Folha, onde foram recebidos em almoço.

TIROTEIO

Do conselheiro federal da OAB Saul Quadros, sobre o bate-boca entre ACM e Michel Temer, motivado pela manutenção da Justiça do Trabalho, desaconselhada por Aloysio Nunes Ferreira, relator da reforma do Judiciário:
- A história não perdoará nem o pit bull da política baiana nem o vice-governador do Carandiru.

CONTRAPONTO

Folclore janista
O projeto Museu de Bairro, da Secretaria de Estado da Cultura, recolheu de moradores do Cambuci histórias de personagens daquele bairro paulistano.
Um de seus mais ilustres frequentadores foi Jânio Quadros.
Um dos episódios que se contam teria ocorrido quando ele foi prefeito de São Paulo pela primeira vez, nos anos 50.
Durante o mandato, Jânio resolveu visitar a igreja Nossa Senhora da Glória, dirigida por um sacerdote muito rígido, conhecido na região como padre João.
Uma das regras que ele impôs à igreja é que não se podia entrar fumando na sacristia.
O prefeito, fumante inveterado, contrariou a norma.
O padre o recebeu de cara fechada. E foi perguntando:
- O que o sr. deseja?
Jânio respondeu:
- Vim entregar o meu coração a Jesus, padre!
O padre retrucou:
- Estou vendo. E vai entregar o pulmão ao diabo...


Próximo Texto: Ex-padre contesta defesa do diretor da Polícia Federal
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.