São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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CONGRESSO
Negociações só devem ser retomadas por líderes na semana que vem
Bate-boca adia a votação da reforma do Judiciário

DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A crise provocada pela troca de acusações entre os presidentes do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), acabou adiando a votação do projeto de reforma do Judiciário, prevista para este mês.
Temer, o principal defensor da votação ainda em junho, afirmou ontem que o assunto precisa ser tratado "tecnicamente" e admitiu dificuldades políticas para chegar a uma proposta de consenso.
"O momento não é útil para votar porque há muito condimento político", disse.
Os líderes dos partidos vão retomar na próxima semana as negociações para tentar um acordo em torno da proposta elaborada pelo relator, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
"Ainda que Temer e ACM estivessem viajando de mãos dadas, na primeira classe, tomando champanhe com os braços entrelaçados, não seria fácil votar esse relatório. Imagine agora", afirmou Nunes Ferreira.
Temer e ACM viajaram, em vôos distintos, para Portugal, onde vão participar do encontro de presidentes dos parlamentos ibero-americanos.
Depois de um dia sem realizar sessão, a comissão especial da Câmara que analisa a emenda voltou a discutir a proposta. A discussão serve para cumprir prazo regimental.
"Não quisemos fazer reunião ontem (anteontem, quando Temer e ACM trocavam acusações) para evitar reverberação na comissão e azedar o clima", afirmou o relator.
"Em clima de Mancha Verde contra Gaviões da Fiel não dá", completou o deputado, referindo-se às torcidas organizadas dos times paulistas de futebol Palmeiras e Corinthians, respectivamente.
A reação contrária à proposta de extinção da Justiça do Trabalho, prevista no relatório de Nunes Ferreira, levou Temer a intervir no projeto do relator com uma nova proposta de manutenção da estrutura dos tribunais em reunião na semana passada.
ACM, que apóia Nunes Ferreira, criticou a atitude do presidente da Câmara, provocando o bate-boca entre os dois. ACM e Temer agora consideram encerrada a discussão.


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