São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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BASE ALIADA
Senador anuncia rompimento com presidente da Câmara e diz que manterá "relacionamento institucional"
Tempo vai resolver crise, afirma ACM

da Sucursal de Brasília

O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem que "o tempo vai se encarregar de resolver" a situação entre ele e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Ele fez a afirmação ao explicar seu anunciado rompimento com Temer.
"Intimidade demais ou gera problemas ou gera filhos, como dizia Jânio Quadros", afirmou ACM.
Segundo o senador, entre ele e Temer será mantido apenas o "relacionamento institucional", como presidentes das duas Casas legislativas. ACM afirmou que não houve "nada de político" no seu confronto com Temer.
ACM e Temer viajaram ontem para Portugal para, juntos, representarem o Brasil em uma conferência. O senador e o deputado foram em vôos diferentes.
Temer e ACM protagonizaram um bate-boca que durou dois dias, com acusações de ambos os lados. O Congresso ficou praticamente parado anteontem. Uma sessão conjunta das duas Casas foi cancelada e a reunião sobre reforma do Judiciário, suspensa.
O senador esteve ontem no Palácio da Alvorada para comemorar o anúncio da implantação de fábrica da Ford na Bahia.
O presidente do Senado afirmou que não conversou com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a briga com Temer. Ele conversou por 15 minutos com FHC. "O presidente não se mete nesses assuntos."
Para ACM, a disputa com Temer é um "assunto encerrado" e não vai prejudicar a unidade da base governista.
"Poderia haver um problema entre as duas Casas do Congresso, mas isso já está superado." Ele negou ter falado pelo telefone com o presidente da Câmara.
"O presidente acha que está tudo calmo e que a base vai continuar fortalecendo as ações do governo, que são sempre do interesse do povo brasileiro", disse ACM. Segundo ele, não há motivos para que haja uma divisão na base de sustentação do governo.
"Nós vamos trabalhar muito no fim do ano, no fim do semestre para colocar a pauta em dia", completou o senador.
À frente da presidência do Senado, ACM nunca poupou críticas a Temer pelo fato de vários projetos aprovados pelos senadores não terem tramitação na Câmara.
Ele costuma citar alguns, como o que regulamenta a edição de medidas provisórias, o que institui a súmula vinculante no Judiciário (obrigatoriedade de decisões do Supremo Tribunal Federal serem seguidas por instâncias inferiores), o que atualiza o Código de Processo Civil e outros.
Recentemente, Temer discordou da criação da CPI do Judiciário no Senado, proposta por ACM. E irritou o presidente do Senado ao dar andamento à tramitação da reforma do Judiciário na Câmara, que estava paralisada. Para ACM, o presidente da Câmara pretendia "apagar" a CPI com a manobra.


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