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QUESTÃO AGRÁRIA-1
Empresário diz que a área é produtiva e vai à Justiça
MST invade fazenda de irmão do governador Dante de Oliveira
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
Cerca de mil famílias ligadas ao
MST invadiram duas fazendas em
Mato Grosso, uma delas pertencente ao empresário Armando
Martins de Oliveira, irmão do governador Dante de Oliveira
(PSDB).
Altamiro Stochero, da direção
estadual do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra),
disse que a invasão da fazenda de
Oliveira não foi "proposital" e
ocorreu porque o imóvel estaria
""absolutamente abandonado e improdutivo".
A fazenda Araguari, em Araputanga (cerca de 150 km a oeste de
Cuiabá), de 2.025 hectares, foi invadida anteontem por cerca de 700
famílias. A propriedade está registrada em nome da Amper Construções Elétricas, cujo único proprietário é o irmão do governador.
A empresa foi a maior doadora
da última campanha eleitoral de
Dante de Oliveira, no ano passado,
com contribuições que somaram
cerca de R$ 250 mil.
A fazenda foi adquirida em dezembro de 95, 11 meses depois do
governador tomar posse no seu
primeiro mandato.
O empresário entrou ontem
mesmo com um pedido de reintegração de posse no fórum de Araputanga, a cerca de 150 km a oeste
de Cuiabá. A Justiça não havia decidido sobre o pedido até as 17h de
ontem.
No pedido de reintegração, o
empresário alega que o imóvel foi
considerado produtivo pelo Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Ele disse
que planta milho e cria na fazenda
cerca de 3.000 cabeças de gado
com uso ""de alta tecnologia".
A outra invasão, também anteontem, ocorreu na fazenda Sino
de Belém, em Cuiabá, por cerca de
300 famílias.
Com as duas invasões, subiu para 2.000 o número de famílias ligadas ao MST acampadas em Mato
Grosso, em quatro fazendas.
A invasão da fazenda Santa Maria, de 2.000 hectares, em Rio
Branco, foi solucionada provisoriamente, com um acordo que prevê a transferência das 700 famílias
para uma área vizinha.
Os proprietários da Santa Maria
conseguiram um mandado de
reintegração de posse, cujo cumprimento, pela Polícia Militar, foi
evitado em virtude do acordo.
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