São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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QUESTÃO AGRÁRIA-1
Empresário diz que a área é produtiva e vai à Justiça
MST invade fazenda de irmão do governador Dante de Oliveira

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

Cerca de mil famílias ligadas ao MST invadiram duas fazendas em Mato Grosso, uma delas pertencente ao empresário Armando Martins de Oliveira, irmão do governador Dante de Oliveira (PSDB).
Altamiro Stochero, da direção estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), disse que a invasão da fazenda de Oliveira não foi "proposital" e ocorreu porque o imóvel estaria ""absolutamente abandonado e improdutivo".
A fazenda Araguari, em Araputanga (cerca de 150 km a oeste de Cuiabá), de 2.025 hectares, foi invadida anteontem por cerca de 700 famílias. A propriedade está registrada em nome da Amper Construções Elétricas, cujo único proprietário é o irmão do governador.
A empresa foi a maior doadora da última campanha eleitoral de Dante de Oliveira, no ano passado, com contribuições que somaram cerca de R$ 250 mil.
A fazenda foi adquirida em dezembro de 95, 11 meses depois do governador tomar posse no seu primeiro mandato.
O empresário entrou ontem mesmo com um pedido de reintegração de posse no fórum de Araputanga, a cerca de 150 km a oeste de Cuiabá. A Justiça não havia decidido sobre o pedido até as 17h de ontem.
No pedido de reintegração, o empresário alega que o imóvel foi considerado produtivo pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Ele disse que planta milho e cria na fazenda cerca de 3.000 cabeças de gado com uso ""de alta tecnologia".
A outra invasão, também anteontem, ocorreu na fazenda Sino de Belém, em Cuiabá, por cerca de 300 famílias.
Com as duas invasões, subiu para 2.000 o número de famílias ligadas ao MST acampadas em Mato Grosso, em quatro fazendas.
A invasão da fazenda Santa Maria, de 2.000 hectares, em Rio Branco, foi solucionada provisoriamente, com um acordo que prevê a transferência das 700 famílias para uma área vizinha.
Os proprietários da Santa Maria conseguiram um mandado de reintegração de posse, cujo cumprimento, pela Polícia Militar, foi evitado em virtude do acordo.


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