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Governador da PB
cobra "freio" no debate da reforma
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Depois de uma semana na
Europa, com um olho no noticiário sobre a reforma da
Previdência e o ouvido colado ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e aos ministros
que o acompanham, o governador da Paraíba, Cássio
Cunha Lima (PSDB), pede
"um freio de arrumação"
para organizar o debate.
É uma reação às desencontradas informações que chegam à comitiva presidencial,
da qual o governador paraibano faz parte, sobre eventual recuo do governo e, depois, sobre recuo do recuo.
Cunha Lima soltou sua
frase pela manhã, a caminho
da cerimônia em que Lula
receberia as chaves da cidade de Madri. Horas depois,
pouco antes de começar a
despedida oficial do presidente, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho,
parecia concordar com o governador: "É preciso ordenar o debate [sobre a reforma previdenciária]".
Palocci conversou com José Dirceu, chefe da Casa Civil, para informar-se sobre a
reunião da véspera entre representantes do governo e a
comissão de cinco governadores. Mas preferiu evitar
comentários.
A Folha perguntou se, ao
dizer que o debate precisa
ser "ordenado", o ministro
não estava deixando claro
que há uma desordem nele
e, se era assim, quem seria
então o culpado pela desorganização.
Palocci, como é de seu estilo manso, fugiu da resposta.
Preferiu dizer que "é normal
o ruído".
"Não podemos imaginar
que o governo encaminhará
seguidamente reformas ao
Congresso Nacional e o
Congresso vá pura e simplesmente chancelá-las. Não
seria minimamente democrático", afirmou o ministro.
Palocci insiste na tese de
que o importante não é a polêmica em torno da reforma,
que considera natural, mas
fazê-la "este ano".
Consistência
Também não quer uma reforma qualquer, mas uma
"reforma consistente".
Só se nega a discutir quais
os pontos que poderiam ser
alterados sem mudar a consistência que o governo acreditar haver na sua proposta.
O ministro também escapa quando a pergunta gira
em torno de quais das alterações em discussão poderiam
ser aceitas sem afetar o que
ele, na véspera, definira como "coração" da reforma.
Diz apenas que é preciso
"avaliar com objetividade as
propostas e fazer as contas. É
precipitado dizer se um item
ou outro pode atingir o coração da proposta".
(CLÓVIS ROSSI)
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