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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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Governador da PB cobra "freio" no debate da reforma

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Depois de uma semana na Europa, com um olho no noticiário sobre a reforma da Previdência e o ouvido colado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos ministros que o acompanham, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), pede "um freio de arrumação" para organizar o debate.
É uma reação às desencontradas informações que chegam à comitiva presidencial, da qual o governador paraibano faz parte, sobre eventual recuo do governo e, depois, sobre recuo do recuo.
Cunha Lima soltou sua frase pela manhã, a caminho da cerimônia em que Lula receberia as chaves da cidade de Madri. Horas depois, pouco antes de começar a despedida oficial do presidente, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, parecia concordar com o governador: "É preciso ordenar o debate [sobre a reforma previdenciária]".
Palocci conversou com José Dirceu, chefe da Casa Civil, para informar-se sobre a reunião da véspera entre representantes do governo e a comissão de cinco governadores. Mas preferiu evitar comentários.
A Folha perguntou se, ao dizer que o debate precisa ser "ordenado", o ministro não estava deixando claro que há uma desordem nele e, se era assim, quem seria então o culpado pela desorganização.
Palocci, como é de seu estilo manso, fugiu da resposta. Preferiu dizer que "é normal o ruído".
"Não podemos imaginar que o governo encaminhará seguidamente reformas ao Congresso Nacional e o Congresso vá pura e simplesmente chancelá-las. Não seria minimamente democrático", afirmou o ministro.
Palocci insiste na tese de que o importante não é a polêmica em torno da reforma, que considera natural, mas fazê-la "este ano".

Consistência
Também não quer uma reforma qualquer, mas uma "reforma consistente".
Só se nega a discutir quais os pontos que poderiam ser alterados sem mudar a consistência que o governo acreditar haver na sua proposta.
O ministro também escapa quando a pergunta gira em torno de quais das alterações em discussão poderiam ser aceitas sem afetar o que ele, na véspera, definira como "coração" da reforma.
Diz apenas que é preciso "avaliar com objetividade as propostas e fazer as contas. É precipitado dizer se um item ou outro pode atingir o coração da proposta".
(CLÓVIS ROSSI)


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