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ELEIÇÕES 2004/ARRECADAÇÃO
Partido busca apoio político e material na eleição e oferece diálogo com governo; pauta inclui obras, reforma tributária e o polêmico PPP
PT atrai empresário em troca de acesso a Lula
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao custo mensal de R$ 25 mil
apenas para o Diretório Nacional,
o Partido dos Trabalhadores está
recrutando um exército de empresários para as eleições municipais, com a criação dos comitês de
Empresários PT 2004. Neles, os
empresários simpáticos ao partido não só oferecem "apoio político e material" aos candidatos petistas, como oficializado em seu
projeto, mas também apresentam
suas reivindicações.
Com a estratégia, o PT pretende
quebrar a resistência do empresariado e, numa "decorrência natural" -segundo expressão de seu
coordenador nacional, o empresário José Carlos de Almeida-,
arrecadar recursos para o partido.
Em troca, abre um canal de diálogo com o governo federal.
Um dos idealizadores do projeto, o empresário Lawrence Pih, da
Moinho Pacífico (trigo), diz que
esse é um instrumento de interlocução dos pequenos e médios empresários com o governo federal,
uma vez que "os grandes já têm os
canais abertos". A pauta vai das
obras nas cidades à política de
créditos do BNDES e à alíquota da
Cofins. Inclui ainda reforma tributária e Projeto de Parceria Público-Privada (PPP).
"São microempresários que levam suas angústias ao governo.
Não é um projeto para o PT, mas
de empresários preocupados com
sua sobrevivência", justificou Pih,
coordenador do comitê de São
Paulo e um dos colaboradores da
campanha de Marta Suplicy.
Até hoje, foram lançados nove
comitês pelo país. Mais 11 serão
inaugurados até a primeira semana de agosto. Segundo Almeida,
dono da JL Engenharia, a intenção é arregimentar 20 mil empresários em mais de 5.000 municípios do país.
Amigo de Luiz Inácio Lula da
Silva, com quem viajou em campanhas presidenciais, Almeida
admite que "é um atrativo para o
empresário saber que será ouvido
pelo governo federal".
Tanto Pih como Almeida reconhecem que, nos comitês, é possível realizar a captação de recursos
para o PT. Mas alegam que esse
não é o objetivo do comitê que,
além da motivação eleitoral, teria
a função de discutir o desenvolvimento sustentável na região.
"Os comitês não são só para arrecadação", endossou o presidente nacional do PT, José Genoino.
Sob o slogan "Fazer política.
Mais uma função social do empresário", o lançamento dos comitês ganhou corpo há dois meses quando empresários afinados
com o PT se reuniram em São
Paulo para reivindicar o direito de
interferir no programa de governo do PT.
"Empresário também é cidadão. Eles estiveram em São Paulo
e cobraram a possibilidade de influir nos programas de governo.
Estamos fazendo até cartilha",
afirma o tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Entre os empresários que participam dos comitês, estão fornecedores de prefeituras, governos estaduais e governo federal. Segundo Almeida, não há como proibir
sua participação, até porque os
contratos são assinados com critérios transparentes. Almeida admite que os empresários podem
até apresentar propostas de seu
interesse para uma parceria com
os governos petistas - especialmente o federal -, dentro do polêmico projeto do PPP.
"Se a proposta for boa, que
apresente", diz, "mas essa não é
uma função do comitê".
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