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MÁQUINA PÚBLICA
Três projetos do Ministério dos Transportes estão entre os que não tiveram recursos executados no 1º semestre
Gasto do governo é zero com 27 programas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vinte e sete dos 340 programas
do governo federal não haviam
gasto, até o último dia 7, nada do
que lhes foi destinado neste ano
no Orçamento da União. Destacam-se nesse grupo de "execução
zero" três ações do Ministério dos
Transportes -responsáveis por
69% do total de recursos destinados aos 27 programas.
A verba reservada para o grupo
que não teve execução representa
0,4% do Orçamento de 2004, que,
excluídos gastos com juros, despesas previdenciárias e reserva de
contingência, é de R$ 132 bilhões.
Ontem, a Folha mostrou que,
com o ano de 2004 pela metade, o
governo gastou 36% desse dinheiro. Quase 40% dos 340 programas
tiveram liquidação de seus recursos previstos inferior a 10%.
Os programas do Ministério
dos Transportes que não saíram
do papel -com base no Siafi (sistema de acompanhamento dos
gastos federais)- são os corredores da Fronteira Norte (R$ 196 milhões), Nordeste (R$ 167 milhões)
e Sudoeste (R$ 35 milhões). Segundo o governo, esses programas têm como objetivo reduzir o
custo do transporte de cargas entre vários Estados do país.
O Ministério dos Transportes
deu as seguintes justificativas: 1)
apesar de não haver liberação, havia o empenho (compromisso orçamentário do gasto, que pode ou
não ser cumprido) de R$ 164 milhões para as três obras, o que representa 41% da dotação orçamentária; 2) que o desembolso
dos recursos depende de um conjunto de fatores, como aprovação
de projeto; e 3) que o ministério
carrega um estoque de restos a
pagar de R$ 1,2 bilhão, que inclui
pendências de 2002, último ano
da administração de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
As justificativas dos Transportes coincidem, em alguns casos,
com as apresentadas por outros
ministérios, ou seja, que é necessário tempo para analisar projetos, que houve mudanças na estrutura das pastas e que há gastos
deixados pelo governo passado.
O Ministério de Desenvolvimento Social diz que os recursos
do programa Proteção Social ao
Adulto em Situação de Vulnerabilidade (orçamento de R$ 7,7 milhões) estão em fase de liberação.
Isso não ocorreu antes porque os
projetos estavam em fase de seleção, de acordo com a pasta.
Dois programas do Ministério
da Saúde, o Gestão do Trabalho
no SUS e o Atenção Integral à
Saúde da Mulher, também receberam verbas. O subsecretário de
Planejamento e Orçamento do
ministério, Valcler Rangel Fernandes, afirma que esses são projetos de apoio a outras ações de
maior fôlego. "O volume maior
de recursos do ministério está
com uma execução razoável. Até
maio, empenhamos 62% de todos
os nossos recursos e liquidamos
35%", diz o subsecretário.
No caso do programa Morar
Melhor, o Ministério das Cidades
afirma que o governo Fernando
Henrique Cardoso começou o
projeto mas não deixou dinheiro
em caixa para as obras do ano
passado. O atraso decorrente, alega a pasta, permanece até hoje, e,
em 2004, ainda não foi entregue
nenhuma casa.
Na gestão FHC, os gastos também se concentravam no final do
ano. Em 2002 -último ano da
administração do tucano-, o governo federal fechou o mês de novembro com um superávit primário (economia para pagar juros da
dívida) de R$ 35,4 bilhões. Em dezembro, acelerou os gastos, o que
fez com que o superávit caísse para R$ 30,8 bilhões.
No ano seguinte, já com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
ocorreu a mesma coisa: o superávit de R$ 45,5 bilhões até novembro caiu para R$ 39,8 bilhões em
dezembro.
(GUILHERME BAHIA, RANIER BRAGON E JULIA DUAILIBI)
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