São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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Ex-prefeito afirma que homem "ficou feliz" com a visita

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) afirmou ontem à tarde que José Matias da Silva ficou feliz em poder falar com ele sobre a segurança da cidade. Silva foi o homem que Maluf cumprimentou ao visitar, em campanha, a UTI de um hospital na zona norte da cidade anteontem. O paciente morreu ontem.
"Ele [Matias] levou um tiro. Não acredito que a presença da Rede Globo, da Folha de S. Paulo, do "Estado de S. Paulo" e do "Diário de S. Paulo" tenha contribuído para nada. Nós passamos lá cinco segundos. Ao contrário, acho que ele se sentiu feliz quando pôde dizer para mim que precisava de segurança em São Paulo", afirmou Maluf quando indagado se o fato de várias pessoas terem entrado na UTI sem tomar os cuidados necessários havia contribuído para o ocorrido.
O ex-prefeito disse ainda: "Eu vou cumprir o compromisso que esse homem me pediu, de colocar a Rota na rua". Questionado sobre como faria isso, já que a Rota é um órgão do governo estadual, Maluf afirmou: "Eu fui governador e acho que a Guarda Civil pode ter um treinamento equivalente".
Maluf também aproveitou para criticar a situação da segurança pública. "Hoje morre um outro chefe de família fuzilado por bandidos que queriam roubar seu carro. O mundo está indignado por que mil americanos morreram em 12 meses em Bagdá. No mesmo espaço de tempo, morreram 5 mil em São Paulo. Ou seja, é mais seguro andar fantasiado de soldado americano no Iraque do que nas ruas de São Paulo."
A candidata Luiza Erundina (PSB) classificou como "falta de ética absoluta" e "desrespeito com o ser humano" o fato de Paulo Maluf ter pedido votos anteontem na UTI do hospital.
"Independentemente do falecimento daquela pessoa, o fato de esse homem ter invadido uma UTI revela que ele não tem apreço pelo ser humano", disse a ex-prefeita.
A prefeita Marta Suplicy (PT) afirmou que a morte de Silva foi "uma tragédia" e que não comentaria mais o assunto. Ela esteve ontem em campanha na região dos bairros São Mateus e Sapompemba, na zona leste.

Campanha
Ontem pela manhã, antes de saber da morte de Silva, o candidato já havia falado sobre sua polêmica visita: "Se eu soubesse que não podia entrar [na UTI], eu não entrava. Você acha que eu vou entrar em local proibido para tirar 15 votos? Tenho que ter 8 milhões de votos", disse ele enquanto fazia campanha no bairro Butantã, na zona oeste, onde visitou estabelecimentos comercias e cumprimentou eleitores.
"O fato grave não foi eu ter entrado. Grave foi ter encontrado um rapaz que estava lá porque estava baleado", havia dito Maluf pela manhã. (VIRGILIO ABRANCHES, RICARDO WESTIN E CHICO DE GOIS)


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