São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

"Dinheiro veio de indenização"

DA REPORTAGEM LOCAL

O superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, não detalhou, em rápido contato com a Folha ontem à tarde, o destino que deu aos dólares que afirma ter comprado na casa de câmbio do doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona.
Indagado sobre o período em que teria feita a troca de dólares, o delegado também não respondeu. Apenas meneou a cabeça. Ele afirmou que a origem dos recursos é uma ação judicial de indenização por danos morais que moveu contra a revista "Veja". O superintendente disse que o valor da indenização foi informado à Receita Federal em sua declaração de Imposto de Renda.
"O dinheiro é meu, eu faço o que eu quero", disse Baltazar.
O superintendente limitou-se a enumerar alguns possíveis destinos para o dinheiro que recebeu de indenização: "Posso investir em dólar, posso colocar no banco, comprar alguma coisa". Disse que a compra de dólar era um bom investimento financeiro.
O delegado se recusou a conceder uma entrevista à Folha. Anteontem, por meio da assessoria de imprensa, ele também se recusara a receber a imprensa na sede da superintendência -aceitou falar apenas com "O Estado de São Paulo".
Ao se encontrar casualmente ontem com Folha, na sala da comunicação social da superintendência, Baltazar afirmou que não falaria sobre o assunto. Primeiro alegou que não tinha tempo. Depois, reclamou que estava sendo "maltratado" pelo jornal. Ao deixar a sala, após minutos de conversa, Baltazar afirmou que passaria a "tratar bem" o jornal caso fosse igualmente "bem tratado".
Criticou a cobertura do jornal, citando trechos da reportagem publicada na edição de ontem, como o que informava que sua saída do cargo "era praticamente certa" e o que relatava uma conversa entre o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o diretor-geral da PF em Brasília, Paulo Lacerda. O ministro disse a Lacerda que ele tinha liberdade para decidir o futuro de Baltazar.
Em outra curta entrevista por telefone anteontem à Folha, Baltazar afirmou que a reportagem publicada naquele dia pelo jornal "O Estado de São Paulo" era "tudo inverdade".
(RUBENS VALENTE)


Texto Anterior: Relações perigosas: Chefe da PF negociou com doleiro por 5 anos
Próximo Texto: Questão agrária: Invasões no ano superam as de 2003
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.