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NO BAIRRO DOS EMERGENTES
Ex-secretário do PT, Sereno recebeu do partido e do governo, juntos, R$ 175 mil em 2004
Sereno comprou imóvel por R$ 700 mil
DA SUCURSAL DO RIO
E DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O ex-assessor da Casa Civil
Marcelo Sereno negou "veementemente", segundo sua assessoria de imprensa, ter interferido nos investimentos do Nucleos e que dinheiro do fundo de
pensão possa ter ido para campanhas políticas a que tivesse
vinculado.
Sereno afirmou que o conselheiro Neildo de Souza Jorge não
tem qualificações para acusá-lo
de interferência no fundo de
pensão. A assessoria de Sereno
creditou as acusações a adversários do próprio PT, a chamada
ala esquerda do partido.
Informou ainda que Sereno
pode constituir advogado para
processar aqueles que o estão
acusando de ter cometido irregularidades durante o período
em que trabalhou para o governo Lula como secretário de Comunicação do PT.
O Nucleos negou que tivesse
feito operações com títulos públicos que causaram prejuízos à
instituição. O presidente em
exercício e diretor de Benefícios
do Nucleos, Abel Almeida, refutou que haja influência de Sereno na administração do órgão.
Mas confirmou que a política
de investimentos ficou mais
conservadora, a partir do final
do ano passado, por determinação do Conselho Deliberativo.
Segundo ele, os bancos Bradesco e HSBC substituirão o
BMC e o Industrial, por serem
instituições com investimentos
mais conservadores. O fundo de
investimentos Zircônio, que havia sofrido uma desvalorização
de 21,66%, por conta de operações de risco na Bolsa, foi transformado em fundo de renda fixa
-sujeito a menos variações e,
portanto, mais conservador.
O relatório anual da diretoria
executiva de 2004 diz que as aplicações de renda variável tiveram, na média, um resultado negativo de 8,94%, enquanto o índice Bovespa (que mede o comportamento dos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de
São Paulo) subiu 17%.
Segundo a publicação, o fundo
apostou em premissas que não
se confirmaram. Em janeiro de
2004, por exemplo, vendeu opções (contratos futuros de compra ou venda) no mercado futuro acreditando que a Bolsa cairia, e ela subiu. Em outro momento, comprou ações da Brasil
Telecom, que se desvalorizaram
quando se descobriu que a empresa havia contratado a Kroll
para espionar concorrentes.
O presidente em exercício diz
que os dois conselheiros criticam a gestão movidos por interesses pessoais e que não iria discutir com eles pela imprensa.
Segundo ele, Neildo Jorge está
envolvido em uma disputa com
a INB -da qual era superintendente e foi exonerado- e estaria
""jogando o fundo de pensão no
meio da briga". Procurou anda
minimizar as críticas do conselheiro André Almeida, dizendo
que a diretoria da associação de
empregados da Nuclep, do qual
fazia parte, foi destituída.
O ex-presidente do Nucleos
Paulo Figueiredo, que deixou o
cargo em abril para assumir a
presidência da Eletronuclear,
também contestou. Ele afirmou
que já interpelou judicialmente
ao conselheiro Neildo de Souza
Jorge por outras declarações
contra ele e negou que tenha sido indicado por Sereno para a
presidência da Eletronuclear,
mas sim pelo deputado federal
Luiz Sérgio (PT-RJ).
O presidente em exercício do
Nucleos disse à Folha que uma
auditoria contratada pelas patrocinadoras (INB, Nuclep e Eletronuclear, todas subsidiárias da
Eletrobrás) concluiu que Neildo
Jorge, André Almeida e outros
membros dos conselhos fiscal e
deliberativo não teriam preparo
técnico para estarem nos cargos.
Neildo Jorge é formado em
técnico de mecânica -embora
já tenha sido superintendente da
INB- e André Almeida é operador de computador.
Segundo o presidente exercício, eles cumprirão os mandatos
até o final, por terem sido eleitos,
mas seus substitutos precisarão
ter diploma universitário.
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