São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Atos beneficiaram membros de conselho

Quatro dos 15 senadores do órgão que julgará Sarney por editar atos secretos tiveram assessores nomeados ou exonerados dessa forma

Líder tucano defendeu o afastamento do presidente do Conselho de Ética, que já sinalizou não haver por que cassar o presidente da Casa


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quatro dos 15 senadores do Conselho de Ética do Senado tiveram assessores nomeados ou exonerados por atos secretos. O órgão foi instalado para julgar o presidente do Casa, José Sarney (PMDB-AP), entre outras denúncias, pela edição dessas medidas não publicadas.
A eleição dos integrantes do Conselho de Ética foi feita em plenário na terça-feira sem contestações. Anteontem, foi escolhido o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), que já disse considerar os atos secretos "uma bobagem inventada por alguém".
Os quatro senadores do conselho beneficiados por atos secreto são: Demóstenes Torres (DEM-GO), Almeida Lima (PMDB-SE), Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC). Esses dois últimos são suplentes, mas ocupam atualmente as vagas dos titulares Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e João Ribeiro (PR-TO), que renunciaram.
Romeu Tuma (PTB-SP), que tem vaga no conselho por ser corregedor da Casa, assinou em 2004, como primeiro-secretário, 32 atos que constam em boletim administrativo que só foi publicado em maio passado: "Nós, senadores, não temos culpa que não publicaram".
No relatório da comissão de sindicância que investigou os atos secretos, Demóstenes aparece ligado a três medidas. Duas delas se referem a uma troca de cargos entre o vereador Eliézer Borges (DEM) e o ex-vereador João Vanderlei de Ávila (PSDB).
O primeiro foi exonerado e o segundo nomeado na Secretaria Especial do Interlegis do Senado por meio de atos de 2 de janeiro de 2007 que só vieram a público em maio deste ano.
Demóstenes diz não ter responsabilidade pelos atos não publicados. "Todos os senadores foram afetados por atos secretos. Uma vez que foram criados cargos em gabinetes e reajustada a verba indenizatória."
Líder do governo no Congresso, Ideli teve um assessor nomeado por ato secreto em seu gabinete pessoal -segundo boletim de 17 de março de 2005, Guilherme Ricardo Chimidt ganhou emprego com salário de R$ 9.900. A assessoria da petista diz que ela nunca pediu nomeação por ato secreto.
Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que já apresentou três denúncias contra Sarney no conselho, defendeu o afastamento de Duque após ele ter afirmado não haver motivo para cassar o mandato do peemedebista.
Na próxima semana, Virgílio apresentará outra denúncia contra o senador com base em reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" segundo a qual o ex-diretor-geral Agaciel Maia nomeou por ato secreto, após negociação que foi captada em grampos da PF, o namorado da filha de Fernando Sarney. O rapaz não se manifestou. (ANDREZA MATAIS E ADRIANO CEOLIN)


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