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Amigos de ACM
ficam dentro
do Planalto
Da Sucursal de Brasília
Ao nomear Pedro Parente
para a Casa Civil e Aloysio Nunes Ferreira para a Secretaria
Geral da Presidência, o presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu pessoas que têm
amplo trânsito no governo e na
aliança governista.
E mais: os dois são amigos do
presidente do Congresso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A mudança do funcionamento interno do Palácio do
Planalto era um dos principais
objetivos da reforma ministerial. A intenção era dividir a
operação administrativa da rotina política, evitando erros
crassos na relação do governo
com o Congresso, inclusive na
votação de projetos.
Pedro Parente e Aloysio terão
a responsabilidade de facilitar
o trânsito dos pleitos que chegam ao presidente Fernando
Henrique.
O objetivo não é atender a tudo, mas encaminhar de uma
maneira menos áspera do que
os despachos de Clóvis Carvalho, o atual chefe da Casa Civil e
até anteontem um dos mais
poderosos homens de Fernando Henrique.
Rotina
Parente se ocupará da rotina
de elaboração e análise de projetos, decretos, medidas provisórias e relacionamento com o
restante dos ministros. Estará
sob sua responsabilidade, por
exemplo, tocar um dos projetos mais caros ao presidente
Fernando Henrique Cardoso, o
PPA (Plano Plurianual), o plano estratégico de investimentos do governo.
Já Nunes Ferreira ficará com
a negociação política desses
projetos, não só no Congresso
mas também com governadores e prefeitos de capitais.
Também caberá a ele o papel
mais árido: os despachos diários com deputados e senadores.
Cunha
Pedro Parente também representará uma cunha da equipe econômica dentro do Palácio do Planalto. Já foi secretário-executivo do Ministério da
Fazenda e tinha Pedro Malan
como chefe.
Não é possível, entretanto,
dizer que Parente seguirá fielmente a cartilha de Malan dentro do Palácio do Planalto. O
exemplo mais recente é o da
instalação da Ford na Bahia.
O ministro Pedro Malan foi
contra a concessão de incentivos federais como desejava o
governo da Bahia e ACM. Pedro Parente ficou do lado do
senador baiano.
Sem filiação partidária, Parente terá atribuições técnicas e
burocráticas. Assim como Nunes Ferreira, não tem planos
eleitorais que possam inviabilizar o contato com líderes partidários. A falta de um projeto
eleitoral de curto ou médio
prazo, especialmente um projeto majoritário, foi decisiva
para a escolha de ambos.
Rompimento
Nunes Ferreira foi sempre ligado ao PMDB, até que teve de
romper no ano passado por
causa de uma incompatibilidade com a direção peemedebista
em São Paulo.
Mesmo estando filiado ao
PSDB, Aloysio tem amplo trânsito em todos os partidos da
base aliada de FHC. Sua maior
dificuldade será o relacionamento com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
Em 97, Temer e seu grupo do
PMDB paulista vetaram o nome de Aloysio para o Ministério dos Transportes. FHC acabou nomeando Eliseu Padilha
(PMDB- RS) para o posto.
Num grande acordo tácito,
os personagens envolvidos nas
discussões e decisões da reforma ministerial garantiam ontem que tanto Parente quanto
Nunes Ferreira foram "escolhas pessoais do presidente".
Os tucanos, entretanto, foram os que mais participaram
dessas discussões. Se a indicação de Parente teve a aprovação de Pedro Malan, a de Nunes Ferreira passou por José
Serra (Saúde) e Paulo Renato
(Educação).
Além dos dois novos ministros, dois outros personagens
deverão ter mais importância a
partir de agora no Planalto: Vilmar Faria, chefe da Assessoria
Especial, e Andrea Matarazzo,
da Comunicação.
Seminário
Estão mantidos, também, o
chefe da Casa Militar, general
Alberto Cardoso, e a assessora
de imprensa, Ana Tavares.
Todos eles estão convidados
para um seminário, amanhã,
pleno domingo, para ouvir o
diagnóstico de uma consultoria particular sobre como dar
maior velocidade e eficiência à
rotina da Presidência da República.
Quem contratou essa consultoria foi Clovis Carvalho, muito
antes de supor que seria deslocado para o Ministério do Desenvolvimento.
(ELIANE CANTANHÊDE E FERNANDO RODRIGUES)
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