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É "desatino" tirar projeto, diz Fenaj
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A direção da Fenaj (Federação
Nacional dos Jornalistas) afirmou
ontem que não cometerá "o desatino" de pedir ao governo a retirada do projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo, em
tramitação no Congresso.
"Não vamos cometer esse desatino de pedir a retirada do projeto
do Congresso. Se precisa de mais
discussão, essa discussão tem que
ser feita na Câmara, no Senado",
disse o presidente da entidade,
Sérgio Murillo de Andrade.
As críticas à proposta de criação
do conselho levaram o governo,
que avaliara estar se desgastando
por uma proposta que não era
sua, a iniciar na semana passada
uma articulação para retirar do
Congresso o projeto enviado por
executivo no dia 5.
Como a proposta foi encampada pelo Palácio do Planalto a pedido da Fenaj, autora do texto, a
idéia era convencer a própria entidade a pedir ao governo a retirada do projeto. "Não partirá da Fenaj nenhum pedido desse tipo.
Como ficarão as coisas se todo
projeto polêmico for retirado do
Congresso?", disse Aloísio Lopes,
primeiro-secretário da Fenaj.
Os dois dirigentes negaram terem sido procurados pelo governo para negociar a retirada. Segundo o presidente da entidade, o
último contato com o governo foi
na sexta-feira, com Ricardo Kotscho, secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência: "A posição que temos do governo é que o
projeto não será retirado".
Os dois dirigentes estavam ontem em Brasília e pretendem passar a semana conversando com
políticos e entidades. Também
como forma de pressão, os sindicatos estaduais filiados à federação criarão comitês de apoio à
proposta de criação do Conselho.
Na quarta, os sindicatos de Minas
Gerais e Bahia devem lançar os
comitês. No sábado, seria a vez do
Rio de Janeiro.
Alteração
O presidente da Fenaj disse
também ontem que a entidade
aceita alterações no texto, desde
que sejam mantidos quatro pilares do conselho: regrar o acesso à
profissão, fiscalizar o exercício da
profissão, zelar pelo cumprimento do código de ética e promover
o aperfeiçoamento da formação
acadêmica para jornalistas.
"Querem tirar o "orientar", tiramos; querem tirar a "atividade jornalística", tiramos. Esses pontos
são negociáveis", afirmou Murillo
de Andrade.
O projeto de lei prevê que o conselho terá como objetivo, entre
outras coisas, "orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de jornalista e da atividade
de jornalismo". O texto gerou interpretações de que há objetivos
de controle sobre a linha editorial
das empresas de comunicação.
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