São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Chávez e o mercado

A primeira página da versão impressa do "Financial Times", ontem no início da noite, já destacava uma grande foto do venezuelano Hugo Chávez, mais a manchete:
- Sucesso de Chávez ajuda a baixar pressão no petróleo.
Como prenunciava a cobertura externa durante a última semana, o presidente venezuelano passou, de uma hora para outra, de pária a foco de estabilidade na economia mundial.
E não só para o "FT". O "Wall Street Journal" destacava, na manchete on line, a "forte" recuperação das ações nos EUA com "a queda na preocupação com o suprimento de petróleo".
O petróleo baixou de preço, segundo o "WSJ", por conta da vitória de Chávez. Não que tenha baixado muito:
- O mercado continua arisco com os conflitos no Iraque.
É como se insinuasse que a instabilidade do mercado se deve, no Iraque e na Venezuela, ao intervencionismo dos EUA.
Mas George W. Bush não quer nem saber. Manchete no site do "El País", até as 22h30:
- EUA evitam reconhecer o resultado do plebiscito.
 
"The New York Times" e "Miami Herald", nos sites, cederam ao plebiscito assim que "o ex-presidente Jimmy Carter endossou os resultados".
Não o "Washington Post". Durante a tarde e avançando pela noite, sua manchete era "Chávez parece ter vencido".
 
O venezuelano, de sua parte, voltou a se fazer de Fidel Castro em longo pronunciamento, ao vivo na CNN em espanhol.
Sublinhou a repercussão favorável e a queda no preço do petróleo. Mas ao perguntarem do conflito em Caracas, em que chavistas atiraram nos antichavistas, evitou responder.

EM TURNÊ

Lula em espanhol/Reprodução
Lula na CNN em espanhol

Em sua "turnê da boa vontade", no dizer da Globo, Lula acompanhou pacientemente, ao vivo na CNN em espanhol, à posse do novo presidente da República Dominicana. Mas o que "ocupou os bastidores", destacou o JN, foi mesmo o plebiscito venezuelano. E Lula tratou de defender "a paz e a democracia", não Hugo Chávez.
Segundo a BBC Brasil, o que importa na turnê de Lula pelo Caribe é a reunião com governantes da região, hoje, para discutir integração. E amanhã ele tem o publicitário "jogo da paz" no Haiti. O técnico Carlos Alberto Parreira falou "rapidamente", também na República Dominicana, qualificando a partida como "histórica":
- O Brasil vai parar uma guerra. Vamos criar um clima gostoso entre as facções que estão guerreando.
O JN, de sua parte, tratou o jogo com inusitada frieza.

Propositiva
Luiza Erundina conseguiu "socorro financeiro" para o horário eleitoral, como queria, mas o peemedebista Orestes Quércia traz muito mais.
Toni Cotrim, o novo marqueteiro, disse a "O Globo" que "campanha na TV tem que ser propositiva, é mais importante do que adotar postura crítica". Ele trabalhou para Lula nas campanhas de 89 e 98.

Sem parar
Marta Suplicy e José Serra não abandonaram de todo as suas campanhas, nos últimos dias antes do horário eleitoral -que abre hoje. Ambos saíram em entrevistas para as rádios, tanto as mais populares, como Globo e Capital, quanto as de notícias, como Band e CBN.

.can
São Paulo foi invadida pela campanha de rua. Mas no Rio foram proibidos "galhardetes e cartazes", segundo "O Globo", o que mudou "a forma de fazer política". Atrás de alternativas, os marqueteiros estariam privilegiando a internet.
A Justiça Eleitoral do Rio baixou uma norma curiosa: os sites têm que usar o endereço .can -o que ninguém acatou.

Chique
Em São Paulo, não param as inaugurações federais. O aeroporto de Congonhas era destaque ontem, no SPTV e rádios, com as reações "entusiasmadas" à obra. Uma delas:
- Que chique!

Mais saúde
De sua parte, o governo estadual comemorava, no SPTV e rádios, a pesquisa Seade que mostra que o índice de mortalidade infantil caiu 40%. Ponto tucano, sempre na saúde.
Aí a Globo ouviu Marta sobre o horário eleitoral. E ela:
- Vamos abordar com clareza a proposta para a saúde.

Cesar faz
No Rio, à mesma questão, Cesar Maia respondeu à Globo:
- A linha é: o que eu fiz, o que estou fazendo e o que farei.

Jogo pesado
Na eleição americana, a baixaria já incomoda os conservadores. Bill O'Reilly, da Fox News, saiu em defesa do democrata John Kerry, contra os ataques à sua ficha no Vietnã, feitos por comerciais pró-Bush.
O'Reilly diz temer o que pode acontecer até a eleição.


Texto Anterior: Ministério público: Procurador é alvo de investigação
Próximo Texto: Panorâmica - Previdência: Supremo vai decidir amanhã sobre a suspensão da contribuição dos inativos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.