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Lula apóia manobra para implodir grupo de Dirceu
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva endossa uma articulação para implodir o Campo Majoritário,
tendência fortemente influenciada pelo ex-ministro José Dirceu e
que domina o PT há dez anos.
Essa articulação, liderada pelo
presidente do PT, Tarso Genro, e
pelo líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante, objetiva isolar o grupo de Dirceu, visto como
o maior responsável pela crise.
A Executiva do PT estava reunida em Brasília até a conclusão
desta edição para decidir se reabriria o prazo para inscrições das
chapas que concorrerão no Processo de Eleições Diretas, marcado para 18 de setembro, para escolher o novo comando do PT.
Se for permitida a reabertura
dos prazos, Tarso e Mercadante
liderarão uma nova chapa, abandonando o Campo Majoritário.
Será o segundo grande racha entre moderados na história do PT.
Em 1993, ocorreu fato semelhante, possibilitando a chegada dos
radicais ao comando partidário.
Mercadante e Tarso querem comandar um grupo moderado
que, em aliança com outras forças
do PT, inclusive radicais, crie uma
nova hegemonia no partido.
Tarso tem dito que Dirceu ainda
é uma eminência parda no PT e
no Campo Majoritário, tendência
que hoje detém cerca de 70% dos
postos de comando no partido. A
implosão da atual maioria permitirá uma nova direção sem a influência de Dirceu, defendeu Tarso em conversa com Lula. O presidente, que também faz parte do
Campo Majoritário, concordou.
"Se for autorizada a inscrição de
novas chapas, eu e o Tarso vamos
montar uma. Poderão nos acompanhar aqueles que quiserem. Alguns membros do PT adotaram
práticas inaceitáveis, o que dá o
direito a outros de tomar novos
caminhos", diz Mercadante.
A autorização para inscrição de
novas chapas é uma tentativa de
evitar um conflito traumático
com o grupo de Dirceu. Se a Executiva não permitir novas inscrições, Tarso e Mercadante estão
dispostos a defender que Dirceu e
seu grupo sejam excluídos da chapa do Campo Majoritário.
Essa alternativa enfrenta resistência de muitos moderados, e
Lula também não gostaria de trilhar esse caminho. Motivo: equivaleria a uma espécie de condenação antecipada de Dirceu e de seu
grupo por causa das acusações de
envolvimento com o "mensalão".
Em conversas ontem com Mercadante e outros petistas, Lula
disse que Tarso tinha razão ao defender um novo alinhamento no
PT. A preocupação do presidente
era evitar a imagem de que todos
estão jogando Dirceu aos leões.
Daí ter avalizado a articulação para rachar o Campo Majoritário.
Essa tendência surgiu de alianças dos moderados com outros
grupos para retomar, em 1995, o
controle do PT, que estava nas
mãos dos radicais. Dirceu foi o
grande arquiteto dessa operação.
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