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Para arcebispo de São Paulo, crise dificulta reeleição do presidente
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA
O arcebispo metropolitano de
São Paulo, cardeal dom Cláudio
Hummes, 71, disse ontem que a
crise política tornou "mais difícil"
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva se candidate à reeleição,
devido às denúncias de corrupção
que atingem o governo federal.
"Acho que ele ainda não decidiu
se vai concorrer ou não. Para ele,
já é mais difícil hoje decidir isso,
como também, obviamente, a
partir daí, é mais difícil ele se reeleger, claro", disse o cardeal.
A declaração foi feita ontem no
penúltimo dia da 43ª Assembléia
Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), realizada em Indaiatuba (SP).
D. Cláudio chegou a ser apontado como um dos favoritos à sucessão do papa João Paulo 2º. Entre 1975 e 1996, ele foi bispo da
Diocese de Santo André (SP). D.
Cláudio apoiou as greves dos metalúrgicos no ABC no início dos
anos 80, quando conheceu Lula.
Para d. Cláudio, parte das promessas feitas pelo presidente "não
estão sendo cumpridas e realizadas". "Há muitas promessas que
não foram cumpridas, algumas
muito importantes, como vencer
a fome e a miséria", disse.
Segundo ele, "o povo não pode
permitir que haja retrocesso no
país" em razão da crise política.
"O povo não pode permitir que
haja retrocesso no país. As investigações têm de ir até o fim e todos
os culpados devem ser punidos e
afastados do poder. Somos maiores que um partido e a crise é uma
oportunidade de o país crescer."
Traição
O cardeal disse não achar necessário que o presidente dê os nomes de quem o teria traído -em
discurso na semana passada, Lula
disse ter sido traído. "Não acredito que ele precise dizer um por
um os nomes de quem o traiu.
Provavelmente ele falou de modo
geral, por aquilo que ele vê como
resultado. Ele se vê traído, em primeiro lugar, por um grupo dentro
do partido, talvez por outras pessoas de sua base política no Congresso. Mas, se ele vai dizer nomes
ou não, é decisão dele. O importante é que haja investigação."
D. Cláudio defendeu uma "reforma política urgente" no país.
Entre os pontos destacados por
ele como estão a diminuição do
número de partidos, a revisão da
reeleição e da proporcionalidade
da representação dos Estados no
Congresso. "Somos favoráveis a
uma reforma política com urgência. Se não fizer agora, vamos pôr
para fora o pessoal que está metido nisso [acusações], só que depois começa tudo de novo."
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