|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PROTESTO A FAVOR
CUT, UNE e MST esperavam público maior e atacaram a "direita", o deputado ACM Neto e a imprensa
Dez mil saem às ruas por Lula em Brasília
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A manifestação contrária ao impeachment do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva reuniu ontem
cerca de dez mil pessoas em Brasília, segundo a Polícia Militar. O
número ficou abaixo do esperado
por movimentos sociais, sindicalistas e estudantes, que defenderam Lula e atacaram a "direita" e a
"imprensa burguesa".
Liderado por CUT (Central
Única dos Trabalhadores), UNE
(União Nacional dos Estudantes)
e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o ato
de ontem atraiu meia dúzia de
parlamentares do PT e PC do B,
poupou o Palácio do Planalto de
seu trajeto e nem sequer se aglomerou em frente ao Ministério da
Fazenda, onde dezenas de policiais militares estavam perfilados.
Ao longo do protesto, que chegou esvaziado ao Congresso, havia camisetas de "Lula 2006", bandeiras petistas e faixas de apoio
explícito ao presidente, como
duas da CUT: "Companheiro presidente, conte com a gente" e "Lula do emprego, 3,1 milhões de empregos com carteira assinada".
Líderes do ato se colocaram como os "únicos capazes de cobrar
o combate à corrupção" e desafiaram o Congresso a "passar por cima dos movimentos" caso tentem cassar o mandato de Lula. O
MST foi além e prometeu uma
onda de invasões caso suas reivindicações não sejam atendidas.
No ato, que durou cerca de três
horas, além de pedidos de vaias ao
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e discursos citando
"o nosso governo", ouviram-se
gritos irônicos contra a família do
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "É ou não é piada
de salão ver o neto do ACM [deputado ACM Neto] falando em
corrupção?", cantavam os manifestantes, em sua maioria estudantes do Distrito Federal. Muitos estavam ao estilo caras-pintadas, vestidos de preto e com listras verde e amarela nos rostos.
Além do apoio a Lula, manifestantes pediram a investigação dos
casos de corrupção e criticaram a
política econômica.
Lula agradece
O ato de ontem foi pacífico, somente com o registro de centenas
de estudantes promovendo a já
tradicional invasão do espelho
d'água do Congresso. A PM apenas observou o banho dos manifestantes, que, a princípio, tinham
a expectativa de levar 30 mil pessoas e, anteontem, já falavam em
15 mil. Após o ato, disseram ter
atraído 35 mil pessoas.
De última hora, para agradecer
o apoio diante da pior crise de seu
governo e ampliar a repercussão
da manifestação, Lula convocou
representantes das entidades para
um encontro no Planalto.
As entidades, que rechaçam o
rótulo de "chapa-branca" da manifestação e procuram demonstrar uma atuação autônoma diante do Planalto, estão, na prática,
com parte de suas receitas financeiras vinculadas ao governo federal, por meio da assinaturas de
convênios, por exemplo.
Ontem, o presidente da CUT,
João Felício, atacou a imprensa
por, segundo ele, desconfiar do financiamento do governo à manifestação. "Todos os atos da nossa
central sindical, da UNE, do MST,
da Coordenação dos Movimentos
Sociais são financiados com o dinheiro do povo. Não precisamos
de dinheiro de governo."
Um dia depois do protesto pró-Lula reunir cerca de 10 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, hoje a chamada esquerda radical sai às ruas de Brasília, desta
vez para atacar o governo, o presidente e os mesmos setores da "direita" criticados ontem por CUT,
UNE e MST.
Por conta do apoio e do ataque a
Lula, as manifestações foram desmembradas, evidenciando um racha na esquerda que, anos atrás,
comandou o "Fora FHC".
Hoje, liderados por PSTU,
PSOL, PCB e Coordenação Nacional de Lutas (dissidência da
CUT), os manifestantes vão carregar faixas de "Fora Todos". A
idéia é atacar de uma só vez Lula,
o Congresso, o PFL e o PSDB.
A concentração do protesto será
em frente ao Congresso, no final
da manhã.
Sem impeachment
A Força Sindical desistiu de pedir impeachment de Lula em ato
contra a corrupção previsto para
6 de setembro. Entidades que podem juntar-se ao ato influíram na
mudança: a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Comercial de São Paulo são contra o
afastamento de Lula no momento.
Texto Anterior: Lula é omisso diante da crise, diz FHC Próximo Texto: Senador requer explicação sobre verbas para UNE Índice
|