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Lula é omisso diante da crise, diz FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tem "responsabilidade política" pelo escândalo do "mensalão" e que é "omisso" diante da crise. Tentou ser
cauteloso, porém, ao falar de um
processo de impeachment.
"O impeachment só acontece
quando você sente que o país está
convencido disso, e não me parece", disse FHC em entrevista exibida pela "BandNews". Uma versão editada da conversa foi veiculada no "Jornal da Band".
FHC afirmou que os fatos até
agora "não imputam responsabilidade penal" a Lula. Comparou o
impeachment a um terremoto e
disse que não é discussão "fundamental": "Não é coisa boa para o
país submetê-lo a essa convulsão
política, mas não se trata de encobrir. Ninguém vai conseguir encobrir nada". Ele avaliou a crise
como uma "implosão" do PT.
O ex-presidente criticou o pronunciamento de Lula à nação: "Se
ele considera que foram as satisfações devidas, problema dele. Politicamente ele vai pagar. Ele vai enfrentar uma eleição. É aí que ele
ver quem está satisfeito ou não."
Ele voltou a negar ser candidato.
Ao comentar a boa situação de
José Serra nas pesquisas, elogiou
o prefeito de São Paulo, mas disse
que qualquer candidatura agora
"soará falsa" e que o cenário pode
mudar. "Ele tem que resolver esse
problema com São Paulo", disse
sobre o cargo do tucano. Citou os
governadores Geraldo Alckmin
(SP) e Aécio Neves (MG) como
presidenciáveis.
FHC afirmou não ter sido procurado por Lula na crise. E se ele
procurasse agora? "Nunca me neguei, mas agora não quero". Para
ele, a população entenderia a conversa como "acordão" ou "cambalacho". Disse que Lula terá problemas para governar porque está
perdendo liderança. "Para governar, não basta popularidade, tem
de ter respeitabilidade."
Evitou falar do negócio entre a
Telemar e a empresa de um dos filhos de Lula. Disse que a questão
familiar é delicada quando se é
presidente e que se deve manter o
estilo de vida. Se o estilo mudar,
diz FHC, se fará a pergunta: "Qual
a vara que o ajudou a saltar?"
Sobre o uso de caixa dois, operado por Marcos Valério de Souza, pelo PSDB mineiro, afirmou
ser "fato isolado". Negou ter utilizado a prática em suas campanhas. Diferença entre a contabilidade oficial e a real foram reveladas pela Folha. Questionado sobre a compra de votos para a
emenda da reeleição, FHC disse:
"É possível que tenha havido",
mas afirmou que o caso não teve
ligação com ele ou o governo. Em
1997, a Folha revelou conversas
em que dois então deputados diziam ter recebido R$ 200 mil cada
um para votar a favor da emenda.
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