São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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Para Valério, Palmieri tem "medo"

PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O publicitário Marcos Valério disse que "acertou na loteria" ao dizer antes que Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, não confirmaria sua versão sobre a viagem a Portugal. "Está dentro do que eu disse que ele ia falar. Ele morre de medo do Roberto Jefferson", disse Valério, na sede da Polícia Federal, em Belo Horizonte.
Valério disse que o depoimento de Palmieri à CPI do Mensalão "não acrescentou nada". "Ele simplesmente seguiu o caminho do Jefferson. Ou vocês esperavam diferente?" Valério acrescentou que o petebista não negou que foi a Portugal com ele e disse que Palmieri não participou da reunião "porque não houve reunião" e porque "não é publicitário".
Sobre essa reunião -que Valério diz que seria para tratar da conta de publicidade da Telemig, que sua agência atende-, ele disse que ficou 15 minutos na Portugal Telecom. "Fomos embora porque não fomos atendidos", afirmou, acrescentando ser "mentira" Palmieri ter dito que a reunião durou 40 minutos.
Depois, questionado se Palmieri mentiu, respondeu: "Omitiu". E acrescentou: "Respeito a posição dele, até porque acho que a pressão que está sofrendo é grande".
Valério voltou a dizer que Palmieri viajou com ele a Portugal porque queria "fugir" de Jefferson. "Ele estava muito pressionado pelo sr. Roberto Jefferson a respeito de dinheiro, para usar um português claro, e foi dar uma fugida, no bom sentido. (...) Ele tinha muito medo de um assunto relacionado à fundação da qual era presidente."
Valério disse não ter informações sobre a diferença de R$ 100 mil identificada nas contas que entregou à Procuradoria Geral da República e sobre as quais as CPIs dos Correios e do Mensalão levantaram dúvidas. Não teria sido contabilizado um saque de 30 de setembro de 2003, mesmo dia em que foi paga uma parcela de R$ 12 mil do empréstimo do PT a Lula.
"Eu não sabia dessa diferença, vou verificar. Mas te garanto uma coisa: empréstimo do sr. presidente da República eu nunca paguei", disse, explicando que o resto dos papéis será entregue hoje.
Valério reiterou que deu o dinheiro para quem o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares indicava, pessoas que estão na lista apresentada às autoridades. "As pessoas que traíram o presidente Lula foram as mesmas pessoas que me traíram. Para mim, o presidente Lula não participou."
Valério prestou informações em um inquérito aberto pela PF sobre gestão fraudulenta de instituição financeira, seguindo ações do Ministério Público que envolvem sócios da SMPB e o vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PL). São investigados dirigentes dos bancos Rural e Credireal.


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