São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Pólo da 1ª gestão de Roseana vira herança maldita

DA ENVIADA ESPECIAL A ROSÁRIO

A senadora Roseana Sarney (PFL) tem uma "herança maldita" de sua primeira gestão como governadora do Estado, que será usada contra ela na campanha: o pólo de confecção de Rosário, que deixou endividados 3.600 trabalhadores rurais. Eles foram enganados e assinaram fichas de empréstimo no Banco do Nordeste. Não há acusação contra ela de envolvimento no golpe.
A costureira Maria das Graças Santos, 58, recebeu uma carta do banco, há dez dias, cobrando o pagamento de R$ 623,3 mil. A ex-empregada doméstica Edilma Maria do Nascimento, 52, recebeu cobrança do mesmo valor, abandonou o emprego no Rio e voltou com medo de perder o único bem material que possui: uma pequena casa, sem reboco, em Rosário, a 60 Km de São Luís.
As famílias foram, involuntariamente, envolvidas no golpe arquitetado pelo chinês naturalizado brasileiro Chhai Kwo Chheng, que responde a ação criminal.
A então governadora endossou o projeto. Até hoje, existem as placas na fachada dos galpões com o mapa do Estado e o slogan de seu governo:""Maranhão Novo Tempo". O projeto previa a produção de camisas que seriam exportadas para a China, por uma empresa de Chheng, chamada Kao-I, que está abandonada. Foram construídos cinco galpões, com 2.500 máquinas de costura, que trabalham de quatro a cinco meses por ano, quando há encomendas de fardas militares.
No período produtivo, a renda média mensal por trabalhador é inferior a um salário mínimo, segundo o presidente da Cooperativa Rosa Coop, José Tomaz de Oliveira Chagas, 50. Ele é vigia da escola pública municipal, está há dois meses sem receber salário e está endividado.
Chagas conta que o Estado organizou a cooperativa e a criação de 90 associações com 40 trabalhadores cada. Há trabalhadores rurais que devem ao banco, sem saber. O lavrador José Damião Oliveira, 48, diz que pensou que assinava a ficha de emprego.
Há situações dramáticas, como a do casal Genival Sales Santos, 38, e Marilene Brito Sales, 36, quatro filhos, e renda mensal de dois salários mínimos. Cada um deles deve R$ 623 mil. Ele é vigia de uma obra abandonada financiada pela Sudam, e família mora em um galpão de madeira ao lado da obra.
O procurador da República Marco Aurélio Adão disse que entrará com ação judicial para que sejam anuladas a dívida dos agricultores no BNB e que ela seja cobrada dos que armaram o golpe.

Outro lado
Roseana Sarney diz que não considera o projeto fracassado. ""Eu acho que deu certo, porque onde não existia emprego, hoje há de 500 a 600 pessoas trabalhando. É evidente que não aconteceu como a gente esperava."
A candidata diz que apoiou o projeto porque acreditou que daria certo. (EL)


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