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Pólo da 1ª gestão de Roseana vira herança maldita
DA ENVIADA ESPECIAL A ROSÁRIO
A senadora Roseana Sarney (PFL) tem uma "herança
maldita" de sua primeira
gestão como governadora do
Estado, que será usada contra ela na campanha: o pólo
de confecção de Rosário, que
deixou endividados 3.600
trabalhadores rurais. Eles foram enganados e assinaram
fichas de empréstimo no
Banco do Nordeste. Não há
acusação contra ela de envolvimento no golpe.
A costureira Maria das
Graças Santos, 58, recebeu
uma carta do banco, há dez
dias, cobrando o pagamento
de R$ 623,3 mil. A ex-empregada doméstica Edilma Maria do Nascimento, 52, recebeu cobrança do mesmo valor, abandonou o emprego
no Rio e voltou com medo de
perder o único bem material
que possui: uma pequena casa, sem reboco, em Rosário, a
60 Km de São Luís.
As famílias foram, involuntariamente, envolvidas
no golpe arquitetado pelo
chinês naturalizado brasileiro Chhai Kwo Chheng, que
responde a ação criminal.
A então governadora endossou o projeto. Até hoje,
existem as placas na fachada
dos galpões com o mapa do
Estado e o slogan de seu governo:""Maranhão Novo
Tempo". O projeto previa a
produção de camisas que seriam exportadas para a China, por uma empresa de
Chheng, chamada Kao-I, que
está abandonada. Foram
construídos cinco galpões,
com 2.500 máquinas de costura, que trabalham de quatro a cinco meses por ano,
quando há encomendas de
fardas militares.
No período produtivo, a
renda média mensal por trabalhador é inferior a um salário mínimo, segundo o presidente da Cooperativa Rosa
Coop, José Tomaz de Oliveira Chagas, 50. Ele é vigia da
escola pública municipal, está há dois meses sem receber
salário e está endividado.
Chagas conta que o Estado
organizou a cooperativa e a
criação de 90 associações
com 40 trabalhadores cada.
Há trabalhadores rurais que
devem ao banco, sem saber.
O lavrador José Damião Oliveira, 48, diz que pensou que
assinava a ficha de emprego.
Há situações dramáticas,
como a do casal Genival Sales
Santos, 38, e Marilene Brito
Sales, 36, quatro filhos, e renda mensal de dois salários
mínimos. Cada um deles deve R$ 623 mil. Ele é vigia de
uma obra abandonada financiada pela Sudam, e família
mora em um galpão de madeira ao lado da obra.
O procurador da República Marco Aurélio Adão disse
que entrará com ação judicial para que sejam anuladas
a dívida dos agricultores no
BNB e que ela seja cobrada
dos que armaram o golpe.
Outro lado
Roseana Sarney diz que
não considera o projeto fracassado. ""Eu acho que deu
certo, porque onde não existia emprego, hoje há de 500 a
600 pessoas trabalhando. É
evidente que não aconteceu
como a gente esperava."
A candidata diz que apoiou
o projeto porque acreditou
que daria certo.
(EL)
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