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João Paulo ironiza as críticas de
que ele é um "parlamentar do PFL"
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A disputa travada no plenário
da Câmara dos Deputados entre o
PFL e os partidos aliados ao Palácio do Planalto acabaram resultando em um atrito entre governistas e o presidente da Casa, João
Paulo Cunha (PT-SP), que recebeu críticas de aliados devido a
uma suposta leniência no tratamento dispensado aos pefelistas.
"Vamos votar hoje sem intervalo. Estou sendo acusado de ser um
homem do PFL", disse João Paulo
ao deputado José Carlos Aleluia
(BA), líder da bancada do PFL,
em conversa que a Folha presenciou no início da tarde de ontem,
na entrada do plenário. "Você será bem-vindo ao partido", respondeu Aleluia, brincando.
João Paulo rebateu as críticas dizendo que a demora da votação
resultaria na realidade de falhas
na articulação governista. "Está se
criando uma certa fadiga na Casa
de ficar com essa reforma aqui.
Agora, precisa de deputado para
votar. (...) Não tendo acordo, o lado que tem maioria tem que mobilizar bem, manter sua base no
plenário e fazer a votação seguir
rapidamente", afirmou.
Aleluia circulava momentos antes, no Salão Verde da Câmara,
com o livro "Da Guerra", um tratado militar escrito no século 19
pelo general prussiano Carl Von
Clausewitz. "Todos os livros auxiliam", afirmou o líder do PFL.
Contrário à reforma tributária e
buscando um acordo com o governo, o PFL patrocina uma série
de manobras regimentais com o
objetivo de obstruir a pauta de votações da Casa. Devido à ação do
partido, a sessão da noite de anteontem durou mais de seis horas
e entrou pela madrugada.
Durante as mais de seis horas,
João Paulo demonstrou algumas
vezes irritação com as questões levantadas por governistas, que,
além de recorrerem aos microfones, gritavam do plenário as atitudes que ele deveria tomar para
evitar as manobras protelatórias.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), por exemplo, levantou duas questões de ordem
nesse sentido, mas não foi atendido. Na manhã de ontem, líderes
governistas se encontraram com
João Paulo. O ministro José Dirceu (Casa Civil) também esteve na
presidência da Câmara.
"A obstrução é democrática, o
PT sempre fez isso. Uma hora dizem que o presidente da Câmara
está sendo muito governista, na
outra, que está permitindo a obstrução. Ele está cumprindo o regimento interno, está sendo democrático", disse o ministro.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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