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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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João Paulo ironiza as críticas de que ele é um "parlamentar do PFL"

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa travada no plenário da Câmara dos Deputados entre o PFL e os partidos aliados ao Palácio do Planalto acabaram resultando em um atrito entre governistas e o presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), que recebeu críticas de aliados devido a uma suposta leniência no tratamento dispensado aos pefelistas.
"Vamos votar hoje sem intervalo. Estou sendo acusado de ser um homem do PFL", disse João Paulo ao deputado José Carlos Aleluia (BA), líder da bancada do PFL, em conversa que a Folha presenciou no início da tarde de ontem, na entrada do plenário. "Você será bem-vindo ao partido", respondeu Aleluia, brincando.
João Paulo rebateu as críticas dizendo que a demora da votação resultaria na realidade de falhas na articulação governista. "Está se criando uma certa fadiga na Casa de ficar com essa reforma aqui. Agora, precisa de deputado para votar. (...) Não tendo acordo, o lado que tem maioria tem que mobilizar bem, manter sua base no plenário e fazer a votação seguir rapidamente", afirmou.
Aleluia circulava momentos antes, no Salão Verde da Câmara, com o livro "Da Guerra", um tratado militar escrito no século 19 pelo general prussiano Carl Von Clausewitz. "Todos os livros auxiliam", afirmou o líder do PFL.
Contrário à reforma tributária e buscando um acordo com o governo, o PFL patrocina uma série de manobras regimentais com o objetivo de obstruir a pauta de votações da Casa. Devido à ação do partido, a sessão da noite de anteontem durou mais de seis horas e entrou pela madrugada.
Durante as mais de seis horas, João Paulo demonstrou algumas vezes irritação com as questões levantadas por governistas, que, além de recorrerem aos microfones, gritavam do plenário as atitudes que ele deveria tomar para evitar as manobras protelatórias.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), por exemplo, levantou duas questões de ordem nesse sentido, mas não foi atendido. Na manhã de ontem, líderes governistas se encontraram com João Paulo. O ministro José Dirceu (Casa Civil) também esteve na presidência da Câmara.
"A obstrução é democrática, o PT sempre fez isso. Uma hora dizem que o presidente da Câmara está sendo muito governista, na outra, que está permitindo a obstrução. Ele está cumprindo o regimento interno, está sendo democrático", disse o ministro.


Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília


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