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ROLO TRIBUTÁRIO
PFL consegue derrubar progressividade do imposto sobre heranças
Governo vota tributária, mas sofre 1ª derrota no plenário
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva conseguiu ontem um acordo
de procedimento com o PFL para
tentar encerrar hoje a apreciação
em primeiro turno da reforma tributária, mas sofreu sua primeira
derrota em uma votação no plenário da Câmara dos Deputados.
Os partidos da base aliada ao
Palácio do Planalto não conseguiram reunir os 308 votos necessários para manter no texto a proposta de progressividade das alíquotas do imposto sobre heranças e doações, hoje com alíquota
única de 4%.
A reforma previa a cobrança de
alíquotas progressivas até um teto
de 15%. A derrubada da proposta
se deveu a um destaque (tentativa
de alteração da proposta) apresentado pelo PFL.
O governo precisava assegurar
308 votos para manter o texto original (60% dos 513 deputados),
mas só conseguiu 280.
Os dez maiores partidos da base
aliada deram 45 votos contra o
governo. O PP (28%), o PTB
(25%), o PDT (25%), o PV
(16,7%) e o PMDB (13%) foram,
proporcionalmente, os aliados
que mais "traíram" o governo.
"A intuição de classe de parcela
da base pesou mais do que o compromisso político", afirmou o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara.
Na prática, a derrota não tem
impacto no caixa da União, já que
a arrecadação do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), nome oficial da cobrança, vai para os Estados.
A vitória do destaque do PFL
ocorreu minutos depois de o presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), anunciar ao plenário que os governistas haviam
fechado um acordo de procedimento com o PFL.
Pelo entendimento, os seis destaques que restavam para ser
apreciados foram a voto ainda
ontem, sem obstrução. A votação
terminou às 23h24. O governo
perdeu na questão do imposto sobre heranças, mas conseguiu derrubar os outros cinco destaques,
incluindo o que pretendia acabar
com um dos pontos-chave da
proposta, a manutenção da DRU
(Desvinculação das Receitas da
União, que permite o uso livre de
vinculações de 20% das receitas
da União).
Quatorze emendas aglutinativas do PFL ficaram para votação
hoje. No caso das emendas, o autor da proposição é o responsável
por conseguir 308 votos.
Divisão no PFL
Na semana passada, os governistas fecharam um acordo com o
PSDB, mas esbarraram na falta de
entendimento com o PFL, que se
dividiu em duas alas.
A liderada pelo senador Antonio Carlos Magalhães (BA), conduzida na Câmara pelo deputado
Antonio Carlos Magalhães Neto
(BA), pregava o entendimento,
mas não se entendia com o grupo
liderado pelo deputado José Carlos Aleluia (BA), líder da bancada,
que era refratário ao acordo.
Por isso, os governistas enfrentaram desde anteontem mais de
dez horas de votação para aprovar duas medidas provisórias que
trancavam a pauta.
O PFL queria, para acertar o
acordo com o governo, assegurar
que os Estados que concederam
benefícios fiscais para atração de
empresas não fossem afetados pelas novas regras propostas na reforma para a cobrança do ICMS.
A intenção do partido era evitar
que a Bahia perdesse parte da arrecadação relativa à fábrica da
Ford instalada no Estado.
A bancada paulista e partidos da
base aliada foram contra, mas a
atitude do PFL de abrir mão da
obstrução permitiu um um acordo de mérito. Para aplacar as resistências, o governo estuda fazer
mais uma concessão a São Paulo.
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