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ELIO GASPARI
Lula preside o PIB Zero
Lula está devendo à patuléia uma explicação para as
previsões de sua ekipekonômica
a respeito do crescimento do PIB
neste ano. Prometeram o que
não vão entregar. Produziram
recessão e ruína. Ao tempo dos
tucanos, a ekipekonômica sempre argumentava que o teto caíra por causa de uma crise na
Ásia, na Rússia ou até na Turquia. No caso de Lula, salvo ele e
seus sábios, nada aconteceu que
justificasse uma crise no Brasil.
A recessão de Lula é coisa de seu
governo, de seus ministros e de
sua política econômica.
O governor Henrique Meirelles e o ministro Antonio Palocci
Filho começaram o ano falando
em 2,8%. Agora estão em 1,1%.
O boletim do Banco Central que
divulga expectativas do mercado já apareceu com um 0,8%,
duas semanas depois de o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, o Ipea, ter projetado
0,5%. Isso significará um desempenho inferior à média da
ruína tucana (2,3%) e uma provável queda da renda per capita
da choldra.
Há poucas semanas, quando o
IBGE anunciou que o país entrara no segundo trimestre consecutivo de contração do produto, a charanga petista organizou
um espetáculo de promessas para 2004. Como pagodagem, o
desempenho econômico do governo de Lula é espetacular.
Finge que toca violino e guitarra, mas seu negócio é bongô. É
triste transcrever o que ele disse:
"Esperem que o mês de julho será o do espetáculo do crescimento. É o mês em que a gente vai
começar a fazer a curva que deve ser feita". (Em março de 2000,
FFHH -o do gogó- ensinou
que, "daqui por diante, é desenvolvimento, bem-estar e prosperidade, que não se fazem com
palavras".)
Cada ponto percentual do PIB
vale mais ou menos R$ 1 bilhão.
Com um crescimento inferior ou
pouco superior a 1%, para ficar
nas contas do Ministério do Planejamento, Lula terá produzido
1 milhão de novos desempregados em seu primeiro ano de governo. O candidato que sugeria
a criação de 10 milhões de postos
de trabalho em quatro anos
bem que poderia arriscar uma
explicação.
No seu nono ano de mandarinato, a ekipekonômica continua empulhando a patuléia. O
que torna desagradável esse teatro do fracasso é a sua inutilidade. A carnavalização da crise
não resolve as questões econômicas e leva os mandarins do
PT a acreditar que iludir a choldra é uma forma de governá-la.
Valeria a pena que passassem os
olhos numa palestra feita pelo
empresário Paulo Cunha (Grupo Ultra) na UFRJ na segunda-feira.
Ficariam sabendo do seguinte:
Entre 1900 e 1973, o Brasil foi o
país que mais cresceu no mundo. Nos últimos 20 anos caiu para o 93º lugar.
Em 1973, as 500 maiores empresas não-financeiras do Brasil
tiveram um lucro equivalente a
4,4% do PIB. Esse percentual foi
lentamente ao vinagre e, em
2002, a relação ficou em 0,37%.
Considerando que o investimento dos lucros é uma das
mais sólidas alavancas do progresso, vê-se que a rentabilidade
das empresas industriais sobre
suas vendas caiu de 4,7% em
1995 para 1,6% em 2002. Se a
Petrobras for expurgada dessa
conta, a rentabilidade da indústria brasileira vai para 0,19%
das vendas.
É a respeito do centro da argumentação de Cunha que o governo deve refletir: "O crescimento desapareceu do imaginário do brasileiro como bandeira
política, e só agora observam-se
indícios de renascimento. O custo desse novo paradigma é visto,
a olho nu, nos elevados índices
de desemprego e no crescente
desalento dos jovens, que contrasta com o otimismo que caracterizou minha geração".
(Cunha tem 63 anos.)
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