São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ ALAGOAS

Dupla de usineiros lidera disputa no Estado pela 1ª vez

Redução no ICMS interessa ao setor sucroalcooleiro, que acredita em corte no imposto se usineiro estiver no poder

João Lyra vem na frente, seguido por Teotônio Vilela; em outros anos, indústria de açúcar e álcool se unia para apoiar um único candidato

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Pela primeira vez na política de Alagoas dois usineiros disputam a eleição para o governo do Estado. Em anos anteriores, o setor sucroalcooleiro unia-se para apoiar - e financiar- nome que o representasse, sem que os donos das usinas entrassem na corrida eleitoral.
A produção de açúcar e álcool é a principal atividade econômica privada de Alagoas e o setor que mais gera emprego, exceto a máquina pública.
Segundo pesquisas eleitorais, o deputado federal João Lyra (PTB), pai de Thereza Collor Halbreich e um dos maiores empresários do Estado, cujo grupo faturou R$ 650 milhões em 2005, lidera a disputa para o governo alagoano.
Em segundo lugar nas pesquisas vem o senador Teotonio Vilela Filho (PSDB), sócio das Usina Reunidas Seresta, que pertence à sua família.
"A oligarquia rural usava [nas eleições anteriores] fornecedores de cana-de-açúcar, de peças automotivas, intelectuais como representantes. Eram de uma classe média que vivia das benesses do setor e era da total confiança dos usineiros", afirma professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) Eduardo Magalhães, doutor em ciência política.
De acordo com ele, o alto investimento demandado nas campanhas fez com que os empresários passassem eles mesmos a disputar as eleições.
Para o professor Alberto Saldanha, do Instituto de Ciências Sociais da UFAL, o fato de haver dois usineiros na disputa indica que o projeto de esquerda, eleito em 1998 com Ronaldo Lessa (PDT, ex-PSB) no governo e Heloísa Helena (PSOL, ex-PT) no Senado, perdeu força e não viabilizou um sucessor.
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas, Pedro Robério, vislumbra maior possibilidade de negociação para o setor com um usineiro no governo.
O sindicato, que representa 70% da produção sucroalcooleira do Estado, reivindica a redução da alíquota de 26% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para 12%.
Com a alíquota atual, segundo Robério, as usinas do Estado perdem competitividade no mercado interno.
Em 1988, o então governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello (atualmente candidato ao Senado pelo PRTB) -um exemplo de empresário eleito com o apoio do setor sucroalcooleiro-, fez um acordo com os produtores de açúcar e álcool, ressarcindo o ICMS recolhido sobre a cana própria (plantada em sua propriedade, e não comprada de terceiros). Na época, a arrecadação do imposto caiu à metade.
Até 2003, o setor não recolheu ICMS. A dívida com o Estado atingiu R$ 450 milhões e era questionada na Justiça.
Em 2004, um acordo parcelou o pagamento em 180 meses e os usineiros voltaram a recolher o imposto.


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