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ELEIÇÕES 2006/ ALAGOAS
Dupla de usineiros lidera disputa no Estado pela 1ª vez
Redução no ICMS interessa ao setor sucroalcooleiro, que acredita em corte no imposto se usineiro estiver no poder
João Lyra vem na frente, seguido por Teotônio Vilela; em outros anos, indústria de açúcar e álcool se unia para apoiar um único candidato
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Pela primeira vez na política
de Alagoas dois usineiros disputam a eleição para o governo
do Estado. Em anos anteriores,
o setor sucroalcooleiro unia-se
para apoiar - e financiar- nome que o representasse, sem
que os donos das usinas entrassem na corrida eleitoral.
A produção de açúcar e álcool
é a principal atividade econômica privada de Alagoas e o setor que mais gera emprego, exceto a máquina pública.
Segundo pesquisas eleitorais,
o deputado federal João Lyra
(PTB), pai de Thereza Collor
Halbreich e um dos maiores
empresários do Estado, cujo
grupo faturou R$ 650 milhões
em 2005, lidera a disputa para o
governo alagoano.
Em segundo lugar nas pesquisas vem o senador Teotonio
Vilela Filho (PSDB), sócio das
Usina Reunidas Seresta, que
pertence à sua família.
"A oligarquia rural usava [nas
eleições anteriores] fornecedores de cana-de-açúcar, de peças
automotivas, intelectuais como
representantes. Eram de uma
classe média que vivia das benesses do setor e era da total
confiança dos usineiros", afirma professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas)
Eduardo Magalhães, doutor em
ciência política.
De acordo com ele, o alto investimento demandado nas
campanhas fez com que os empresários passassem eles mesmos a disputar as eleições.
Para o professor Alberto Saldanha, do Instituto de Ciências
Sociais da UFAL, o fato de haver dois usineiros na disputa
indica que o projeto de esquerda, eleito em 1998 com Ronaldo
Lessa (PDT, ex-PSB) no governo e Heloísa Helena (PSOL, ex-PT) no Senado, perdeu força e
não viabilizou um sucessor.
O presidente do Sindicato da
Indústria do Açúcar e do Álcool
de Alagoas, Pedro Robério, vislumbra maior possibilidade de
negociação para o setor com
um usineiro no governo.
O sindicato, que representa
70% da produção sucroalcooleira do Estado, reivindica a redução da alíquota de 26% de
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
para 12%.
Com a alíquota atual, segundo Robério, as usinas do Estado
perdem competitividade no
mercado interno.
Em 1988, o então governador
de Alagoas, Fernando Collor de
Mello (atualmente candidato
ao Senado pelo PRTB) -um
exemplo de empresário eleito
com o apoio do setor sucroalcooleiro-, fez um acordo com
os produtores de açúcar e álcool, ressarcindo o ICMS recolhido sobre a cana própria
(plantada em sua propriedade,
e não comprada de terceiros).
Na época, a arrecadação do imposto caiu à metade.
Até 2003, o setor não recolheu ICMS. A dívida com o Estado atingiu R$ 450 milhões e
era questionada na Justiça.
Em 2004, um acordo parcelou o pagamento em 180 meses
e os usineiros voltaram a recolher o imposto.
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