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Ex-presidente
promete dar
"nomes aos bois"
DO ENVIADO ESPECIAL A MAJOR
IZIDORO (AL)
No coreto da praça, Fernando Collor de Mello pediu
o voto dos eleitores para contar no Senado a "verdade"
sobre o impeachment. Prometeu "desmascarar" algumas "vestais" que sentam
seus "gordos glúteos" nas
poltronas da casa. Falou mal
da corrupção.
O repórter da Folha abordou-o e pediu uma entrevista para os dias seguintes.
"Sem chance", respondeu.
Três das perguntas que
não puderam ser feitas: que
pendência com a Receita Federal o impede de receber
uma certidão pela internet?;
a receptividade nos grotões é
resquício do prestígio passado ou sinaliza a reconquista
de espaço político?; por que
não aproveita e conta logo os
supostos segredos dos donos
dos "gordos glúteos", como
volta e meia ameaça?
Com o microfone na mão,
Collor falou ao público que o
ouviu sob um sol do qual algumas senhoras se esconderam sob sombrinhas. Alguns
trechos do discurso:
Tempo e razão
"Sinto que o povo alagoano
deseja dar uma resposta às
injustiças que foram cometidas contra mim. Eu dizia que
o tempo é o senhor da razão.
Nada como um dia depois do
outro para que cada um de
nós possa fazer o juízo dos fatos que aconteceram. Aqui
está o homem que de tudo foi
acusado e de tudo foi absolvido pela mais alta corte."
Assaltantes
"Aqui está o homem que
aprendeu com os erros cometidos. Não digo que não
cometi erros. Cometi. Mas
nenhum dos erros que me
acusaram meus inquisidores. Aqueles que, tempos depois, foram alcançados pelo
braço longo da lei, trancafiados e expulsos porque estavam assaltando os cofres."
Mentiras
"Peço a oportunidade de
entrar naquele plenário azul
[do Senado]. Me dêem a
oportunidade de subir naquela tribuna, de falar à nação brasileira e à nação alagoana. Desejo contar a versão dos fatos que culminaram com o meu afastamento
da Presidência. Muitos já deram as suas versões, muito já
foi fantasiado.
As versões mais estapafúrdias foram levadas ao conhecimento do público. Mas, do
mesmo jeito que não tive direito de defesa no processo
do meu afastamento, não me
deram também o direito de
apresentar a minha versão."
Imprensa
"A imprensa nacional, de
um modo geral, se tomou de
antipatia pela minha pessoa.
A presença da imprensa no
Estado democrático de direito é a garantia do funcionamento das nossas instituições, e por isso é imprescindível ao aperfeiçoamento do
processo democrático. Não
vou discutir por que [da suposta antipatia], porque isso
não nos interessa. Nunca tive
um canal que pudesse ser
utilizado para dar a minha
versão."
Gordos glúteos
"Por isso peço a vocês essa
oportunidade de assomar à
tribuna do Senado e falar a
todos contando tintim por
tintim a verdade dos fatos.
Falando e dando nome aos
bois. Dizendo quem foi quem
naquela oportunidade [do
impeachment]. Desmascarando algumas vestais que
ainda hoje continuam sentando os seus gordos glúteos
nas cadeiras do Senado."
Olhos nos olhos
"Quero falar olhando nos
olhos deles. E me permitindo
dizer: "Senador Fulano de
Tal, o senhor se lembra disso? O senhor se lembra de
que esteve no meu gabinete
de presidente da República
no Planalto e o senhor me
pediu isso, isso e isso para
que votasse contra o processo de impeachment? E o senhor outro lá, senador? O senhor se lembra de que me
pediu isso para fazer um relatório favorável a mim, não
permitindo o meu afastamento?"."
Família
"Hoje sou um homem realizado. Deus já me deu muito
mais do que eu merecia. Me
deu uma fabulosa mulher e
essas duas filhas, que hoje
são a minha vida e a minha
existência."
Vida longa
"No meu coração não corre qualquer tipo de mágoa ou
ressentimento. Menos em
homenagem aos meus adversários, aos meus inquisidores e acusadores, e mais
preocupado e em respeito à
minha saúde. Aquele que
guarda mágoa se torna uma
pessoa amarga e infeliz e encurta sua vida. Quero ter
uma vida longa. Quero criar
as minhas duas filhas gêmeas, presente de Deus (...),
que foi trazido por Caroline,
minha mulher."
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