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Senado diz que notas fiscais guardam segurança nacional
Casa se recusa a dar à Folha acesso aos registros da verba indenizatória de senadores
"Nem toda informação
pública é publicável", afirma
Senado em ofício enviado
ao STF; parlamentares têm
direito a R$ 15 mil mensais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal, o Senado
afirma que a divulgação das notas fiscais dos gastos dos senadores em 2008 revelaria dados
de "segurança nacional" e abriria precedente que poderia
"abalar gravemente as instituições da República".
O ofício, divulgado nesta semana, é a resposta ao mandado
de segurança movido pela Folha com o objetivo de obter
acesso às notas fiscais que os
senadores apresentaram no último quadrimestre de 2008 para justificar o uso da chamada
"verba indenizatória". Ela destina a cada um deles, mensalmente, R$ 15 mil para gastos
com aluguel de escritório, automóveis, equipamentos e outras
despesas.
Não há decisão ainda, sendo
que o mandado estava ontem
aguardando redistribuição a algum dos ministros. A Folha já
conseguiu há 27 dias liminar
(decisão provisória) do STF ordenando a entrega de cópia das
notas dos deputados federais,
mas a Câmara ainda não cumpriu determinação.
O ofício do Senado foi encaminhado à Justiça pelo presidente da Casa, José Sarney
(PMDB-AP).
"Mesmo sendo dinheiro público, por vezes a verba indenizatória também custeia despesas relacionadas à segurança
nacional ou que revelam aspectos da intimidade e da vida privada de cada parlamentar", diz
o texto, elaborado pela Advocacia Geral do Senado.
Segundo o ofício, o atendimento do pedido da Folha representaria "grave ofensa ao
postulado da independência, à
dignidade dos legisladores pátrios". O texto não esclarece
quais seriam os dados que
ameaçam a segurança nacional
e da sociedade. E conclui: "À
luz da Constituição da República de 1988, nem todas as informações públicas são publicáveis".
A resposta do Senado também diz que decisão favorável à
Folha será "grave precedente"
que possibilitaria pedidos similares "quanto às verbas indenizatórias percebidas por outros
órgãos da administração pública, inclusive pelos próprios ministros dos tribunais superiores." "Não se afigura legítimo
que, a pretexto de acessar informações de suposto interesse
coletivo e geral, a imprensa
proceda a verdadeiras devassas
nas vidas pessoais dos senadores", acrescenta.
A resistência tanto da Câmara quanto do Senado de acabar
com o sigilo das notas fiscais da
verba indenizatória se dá apenas em relação ao período anterior a abril deste ano. Naquele mês, após uma manifestação
pública feita com meses de antecedência e motivada por suspeitas de uso irregular da verba, Câmara e Senado passaram
a colocar na internet os dados
básicos das notas fiscais (nome
do fornecedor, CNPJ ou CPF,
número da nota e valor).
(RANIER BRAGON)
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