|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Por um tribunal
Fernando Henrique Cardoso e Pedro Malan têm o que
comemorar. Em dose dupla,
aliás. Conseguiram, no Brasil, o
que só fora possível nos piores
momentos dos paisetos mais
atrasados das Américas. O "Panorama Social da América Latina 2000-2001", estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),
situa o Brasil como o país de
pior e, portanto, mais perversamente anti-social distribuição
de renda nas Américas, batendo
a Bolívia, em segundo, a Nicarágua em terceiro e a Guatemala em quarto.
Mas, diferentemente dos paisetos que detinham a posição da
indecência governamental absoluta, Fernando Henrique e
Pedro Malan proporcionam aos
bancos instalados no Brasil o
maior percentual de lucro anual
no mundo.
É evidente que há uma carência fundamental de justiça. Não
me refiro à justiça social, que
não pode ter melhor caracterização que a exposta pela Cepal.
É justiça no sentido judicial. A
justiça que se esperaria de um
tribunal incumbido de julgar os
governantes que degradam os
seus países (ou Estados, ou municípios), devastando-lhes o potencial econômico, arruinando-lhes o patrimônio e condenando
populações à vida infame.
Os códigos tratam de crimes
econômicos, crimes políticos e
crimes administrativos. Tratam
de incúria, de lesa-pátria, desserviços aos interesses e à segurança do país. Que direito desconhecido, no entanto, isenta os
governantes de serem também
submetidos ao que predizem os
códigos, se incidirem no que, para outros, é passível de julgamento e punição?
Tribunais de governo. Sua
simples existência reduziria
muito a traição do presente e do
futuro de países hoje tão facilmente infelicitados.
O popular
Outro pode ser o candidato do
governo à sucessão presidencial,
mas está provado que o ministro Paulo Renato Souza tem
motivo sólido para pretender-se
o candidato. Exceto Fernando
Henrique, ninguém no governo
e nas hostes governistas é mais
popular do que Paulo Renato.
Onde vá, encontra sempre uma
manifestação para recepcioná-lo, composta de professores, servidores de universidades e universitários.
É a retribuição aos esforços
que chegam ao despudor de pretender celebrar o Dia do Professor, com o seminário "A Qualidade de Ensino", estando as
universidades federais, cujos
professores ganham menos do
que sargentos, em greve por salários há dois meses.
Texto Anterior: Benedita quer disputar governo do Rio Próximo Texto: Caso Banpará: Inquérito contra Jader seguirá no STF Índice
|