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Petista faz acordos com senadores de olho na presidência
Interino no cargo, Tião Viana agiliza votações para deixar o caminho livre para negociar e aprovar emenda da CPMF
Após semanas de tensão, o plenário aprovou ontem
17 indicações do Executivo para cargos em agências reguladoras e embaixadas
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma articulação para
permanecer no cargo, o presidente interino do Senado, Tião
Viana (PT-AC), costurou ontem acordo entre líderes para
destravar a pauta da Casa e deixar o caminho livre para negociar a aprovação da emenda que
prorroga a cobrança da CPMF
(o imposto do cheque) até 2011.
Após semanas de tensão, o
plenário aprovou ontem 17 indicações do Executivo para cargos em agências reguladoras e
embaixadas. Hoje, a Casa deve
votar três medidas provisórias
e uma emenda que altera a
Constituição e impõe a fidelidade partidária -o mandato
passa a ser do partido.
Tião também acertou a visita
do presidente da República em
exercício, José Alencar, acompanhado de três ministros
-Fazenda, Saúde e Planejamento-, para debater hoje
com líderes a CPMF e projetos
prioritários do governo.
Numa reunião a portas fechadas com os líderes, a primeira desde o agravamento da
crise que envolve Renan Calheiros (PMDB-AL), Tião não
conseguiu estipular um calendário para votar a CPMF, mas
obteve aceno do PSDB sobre a
possibilidade de negociá-la.
Na planilha do líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), faltam ao menos
seis votos para os 49 necessários. O PSDB aceitaria votar a
CPMF desde que o governo
apresentasse uma contrapartida de desoneração.
"A diferença entre o PSDB e o
DEM é que o PSDB aceita votar
se houver ajustes", disse Sérgio
Guerra (PSDB-PE). "O cronograma é conseqüência de negociação", completou.
A principal briga entre governo e oposição, hoje, é sobre a
exigência do DEM em esgotar
os prazos de tramitação da
CPMF na Comissão de Constituição e Justiça. A relatora na
comissão, Kátia Abreu (DEM-TO), tem 30 dias para apresentar seu parecer. O governo planeja aprovar um substitutivo
ao relatório dela no dia 7 de novembro. Em seguida, quer votar os dois turnos da emenda
em plenário entre os dias 6 e 18
de dezembro. A previsão de arrecadação da CPMF para o ano
que vem é de R$ 40 bilhões.
Um dos entraves que pode
atrapalhar a aprovação é o embate pela sucessão do presidente licenciado, Renan Calheiros.
Interino no cargo, Tião Viana
deseja permanecer no posto caso Renan confirme sua renúncia à presidência. No entanto, a
vaga, conforme a regra da proporcionalidade, é do PMDB, a
maior bancada -20 cadeiras.
A avaliação de petistas é que,
se conseguir manter a Casa
"funcionando" e acelerar a votação da CPMF, Tião poderia
construir maioria com o apoio
de parte da oposição, que prefere tê-lo no cargo ao retorno de
Renan e ou à eleição de José
Sarney (PMDB-AP).
Tião foi elogiado por diversos
senadores ao longo do dia. Embora negue que queira ficar no
posto, ele fez um mapeamento
dos cargos no entorno da presidência da Casa e assumiu negociações para aprovar projetos
de interesse do governo.
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