|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FAB cria frota de caças para reforçar defesa da Amazônia
Em meio à tensão entre Venezuela e Colômbia, país deslocará até 16 F-5M para Manaus
Brigadeiro Juniti Saito diz que a intenção do governo
é renovar totalmente a
frota de caças e chegar a 88 novos aparelhos até 2025
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Num clima de tensão e de armamentismo entre países da
América do Sul -como Colômbia e Venezuela-, o governo
brasileiro vai criar a primeira
unidade de aviões de caça na
Amazônia a partir do ano que
vem, quando deverá ser transferida para a região uma frota
inicial de 12 a 16 aviões do tipo
F-5M, que hoje compõem a força operacional de Natal.
Os F-5M são jatos supersônicos adquiridos nos anos 70,
modernizados pela Embraer
nesta década. Eles vão ficar baseados em Manaus, enquanto
as únicas frotas da FAB existentes na região (de turboélices
Super Tucanos fabricados pela
Embraer) devem continuar em
Porto Velho e Boa Vista.
A informação foi dada ontem
pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, em
palestra a oficiais da reserva, na
qual adiantou que a intenção
do governo é renovar totalmente a frota de caças e chegar até a
88 novos aparelhos até 2025.
Desse total, 36 serão obtidos
inicialmente com o programa
FX-2, a ser fechado neste ano.
Estão em disputa o F-18 Super
Hornet da Boeing (EUA), o Rafale da Dassault (França) e o
Gripen NG da Saab (Suécia).
O vencedor não apenas fornecerá as 36 primeiras unidades, como será base para as etapas seguintes da renovação,
substituindo gradativamente
os Mirage e os F-5, da década de
1970, e o AMX, programa Brasil-Itália da década de 1990. A
expectativa da FAB é que, além
de adquirir aeronaves, o país
também possa se habilitar a
montá-las e a produzir parte de
suas peças internamente.
Os concorrentes acenam
com a possibilidade de integrar
às suas aeronaves componentes que venham a ser fabricados
no Brasil, que passaria assim a
ser fornecedor nos pacotes de
exportação da vencedora.
Os governos e as empresas
estrangeiras que concorrem
têm tido uma atuação agressiva
com o governo, o Congresso e a
imprensa, já que se trata de
uma das maiores disputas no
setor hoje. Além do Brasil, só
Índia e Dinamarca estão em
processo de compra de caças.
Os novos caças vão aprofundar o remanejamento das bases
da Aeronáutica (iniciado com a
nova frota de Manaus), que tem
dois objetivos básicos: atender
a Amazônia e começar a patrulhar a área do pré-sal, faixa de
800 quilômetros entre Espírito
Santo e Santa Catarina.
Visando esses dois alvos, o
ministro Nelson Jobim (Defesa) irá na próxima quarta para a
Itália, onde visitará estaleiros e
discutirá parcerias na área de
navios-patrulha, que atuam
tanto em alto-mar quanto em
rios. Esse é um novo projeto da
Marinha, agregado ao pacote
com a França de compra de
submarinos Scorpène e de
construção de um submarino
nacional de propulsão nuclear.
Jobim, que conversou ontem
com o chanceler Celso Amorim
no Itamaraty, também discute
com países da África, como Angola, uma política comum de
proteção do Atlântico Sul. Defesa e Itamaraty tentam acertar
ainda projetos de cooperação
com a China para desenvolver e
operar porta-aviões e um discurso comum do Brasil na conferência internacional sobre o
TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), que a ONU patrocina em abril de 2010.
Jobim fez um apelo a Amorim para que o Itamaraty acelere a assinatura de um acordo
Brasil-EUA, para que a Força
Aérea norte-americana possa
adquirir cem aviões Super Tucano da Embraer sem licitação
agora e a Marinha do país possa
fazer o mesmo mais adiante.
Texto Anterior: Câmara livra acusados de vender bilhetes Próximo Texto: Eleição: Disputa na OAB-SP tem "guerra" de pesquisas entre candidatos Índice
|