São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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PAINEL

Balde de água fria
Lula avisou ao PT que o partido terá seis ou sete ministérios em seu governo. Os demais cargos do primeiro escalão (entre 14 e 15) serão distribuídos entre os partidos aliados, a sociedade civil e o empresariado.

Pelo loteamento
A pressão por cargos dentro do PT é grande. Há na sigla pelo menos dois candidatos para cada ministério. Mas Lula avisou que um ministério com maioria petista dificultaria seu diálogo com partidos e sociedade.

Divisão de letras
Depois do PT, PL e PMDB deverão ser os partidos com mais ministérios -dois para cada um. Aliado do primeiro turno, o PC do B quer duas pastas, mas deve ficar com uma. PSB, PDT, PPS, PTB e até o PV podem ocupar cadeiras na Esplanada.

Primeiro passo
Lula já avisou a Palocci Filho e José Dirceu que eles ficarão no Executivo. O presidente eleito só não definiu os cargos.

Força adversária
Anthony Garotinho (RJ) revelou ao PSB ter ficado irritado com notícias de que a governadora Benedita (PT) e o antropólogo Luiz Eduardo Soares poderão ter cargos de destaque no governo Lula. Garotinho não quer ver crescer o poder do seu grupo de desafetos no PT-RJ.

Acertos no varejo
A bancada do PL pressiona o PT para que pare de negociar com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto (SP), e converse individualmente com deputados e senadores liberais.

Vida e morte
Valdemar Costa Neto (SP) está à cata de filiações para aumentar o poder de fogo da sigla na disputa por cargos no governo Lula. A onda de filiações que o presidente do PL esperava ainda não ocorreu. Pior que isso, há deputados liberais sendo assediados pelo PMDB, como Luiz Antônio de Medeiros (SP).

Prestígio reduzido
A hipótese de o vice-presidente eleito, José Alencar (MG), aceitar um ministério no governo Lula reduz ainda mais o capital político de Costa Neto para a negociação de cargos. O vice estaria, assim, "lavando as mãos", para deixar com Valdemar a tarefa de obter outros cargos.

Papagaio de pirata
Como FHC não aceita ficar no cargo além do prazo, a piada no Congresso é que o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) insiste em mudar a data da posse do novo presidente para ficar seis dias na Presidência e, assim, garantir lugar na foto histórica da passagem da faixa presidencial.

Rastro de pólvora
A maior investigação sobre lavagem de dinheiro já feita no país -R$ 14 bi foram enviados a 35 mil pessoas do exterior a partir de Foz do Iguaçu (PR)- agora está atrás de diretores do Banestado, do Banco Araucária e do Banco Central. Os inquéritos serão enviados a Curitiba.

Prata da casa
A PF abriu cerca de 700 inquéritos para apurar a lavagem no PR. Agora a Justiça Federal decidiu, acolhendo pedido do Ministério Público Federal, que todos os casos devem ser apurados em Curitiba, porque envolvem diretores dos bancos. Será preciso alugar um caminhão para transportar todo o material.

Paz temporária
O MST planeja uma grande mobilização para o mês de abril, aniversário do massacre de Eldorado do Carajás (PA), ocorrido em 96. Líderes do movimento evitam falar nas tradicionais invasões desse período, mas dizem que a palavra trégua está descartada no governo Lula.

Repeteco radical
O deputado eleito Lindberg Faria (RJ), que já passou pelo PC do B e pelo PSTU, ameaça deixar o PT se o governo Lula for "light demais". Por isso, já é chamado no Congresso de "João Caldas da esquerda". Caldas, hoje no PL, trocou de partido sete vezes nesta legislatura.

TIROTEIO
Do senador Romero Jucá (PSDB-RR), sobre a disputa de partidos aliados de Lula por cargos no governo petista:
- É muita gente no deserto e todos querem beber água ao mesmo tempo.

CONTRAPONTO

Geração de renda

Há duas semanas, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), despachou em Brasília até a tarde na sede do governo de transição. De lá o petista foi para o hotel Naoum, onde costuma se hospedar. O local estava lotado devido a dois eventos: um encontro de revendedores de refrigerantes e uma reunião da Frente Nacional de Prefeitos, que atraiu centenas de pessoas.
Assim que chegou ao hotel, Lula foi cercado por prefeitos e vendedores. O petista não teve como evitar os autógrafos e as fotos ao lado dos hóspedes.
Um fotógrafo pernambucano que estava de plantão no hotel começou a seguir o presidente eleito e a fotografar os abraços de todos os prefeitos em Lula, para vender as fotos depois.
Feliz com a oportunidade de faturar um bom dinheiro, o fotógrafo gritou para Lula:
- Valeu, meu conterrâneo. É hoje que eu tiro o pé da lama!



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