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AMÉRICA LATINA
Perdão deve ultrapassar 95%; cúpula vê perigo em demandas insatisfeitas
Brasil vai perdoar dívida boliviana
DA ENVIADA A SANTA CRUZ DE LA SIERRA
O embaixador brasileiro na Bolívia, Antonio Mena Gonçalves,
afirmou que o Brasil vai cancelar
parcialmente a dívida boliviana.
"Posso garantir que o perdão da
dívida será superior a 95%", disse.
Segundo o embaixador, a dívida
é de cerca de US$ 53 milhões. Ele
afirmou que, pelo acordo do Clube de Paris (grupo de 19 países desenvolvidos responsável pela
reestruturação da dívida externa
de nações emergentes), não é possível cancelar 100% dela.
A declaração do embaixador
ocorreu no final da 13ª Cúpula
Ibero-Americana, anteontem. No
encerramento do encontro, os 21
chefes de Estado da América Latina, Portugal e Espanha assinaram
a "Declaração de Santa Cruz".
O texto diz que demandas sociais "insatisfeitas" são uma
"ameaça à governabilidade democrática", numa referência aos
levantes populares de outubro
que derrubaram o presidente boliviano, Sánchez de Lozada, e às
crises econômicas da região.
"Recomendamos a busca de
mecanismos financeiros inovadores, destinados a assegurar a dita governabilidade e a contribuir
para a supressão da pobreza", diz
o texto, segundo o qual "a luta
contra a pobreza é essencial para a
consolidação da democracia".
A cúpula se realizou na cidade
boliviana de Santa Cruz de la Sierra, que fica na região economicamente mais desenvolvida do país.
O Brasil pediu que fosse incluído um tópico sobre a criação do
Fundo Internacional de Combate
à Fome, iniciativa do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, para o
fortalecimento das relações Sul-Sul. O fundo poderia se beneficiar
de apoio político e de doações financeiras dos países ricos.
O texto pede o fortalecimento
da ONU e coloca o Conselho de
Segurança como órgão de responsabilidade "para a manutenção da paz e da segurança".
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