|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PROGRAMA DE ÍNDIO
CNIC dá R$ 1 milhão para projeto
Raoni quer criar TV Indígena com programas feitos no próprio Xingu
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Meio século após tomar contato
com o homem branco por meio
do sertanista Orlando Villas Bôas
(1914-2002), o cacique Raoni, líder dos índios caiapós, apresentou ao MinC (Ministério da Cultura) o projeto de criação da TV
Indígena Aldeia Virtual. Conseguiu, na quinta-feira, R$ 1 milhão
pelo CNIC (Comissão Nacional
de Incentivo à Cultura).
Raoni, que calcula ter 79 anos,
quer exibir pela TV programas
feitos pelos índios do Parque Nacional do Xingu, localizado numa
faixa de terra a partir do centro de
Mato Grosso até a divisa com o
Pará. A área é maior do que o Estado de Sergipe. Pelo menos 21 lideranças indígenas assinaram documento apoiando a TV.
Batizado pelos caiapós como
Cabelo de Milho, 46 (o nome verdadeiro ele prefere não dizer), o
assessor do Instituto Raoni disse
que, na aldeia, os índios já possuem câmeras digitais e equipamentos para edição de imagens.
O instituto foi criado em 2000,
durante visita do cacique ao presidente da França, Jacques Chirac, e
será responsável pela TV.
O secretário do Desenvolvimento das Artes Audiovisuais do
MinC, Orlando Senna, afirmou
que a verba de R$ 1 milhão aprovada na CNIC deve ser usada na
elaboração do projeto e na compra de equipamentos. Senna disse
que os índios podem começar
com um programa na TV pública.
A UFMT (Universidade Federal
de Mato Grosso) é a dona da TV
Universitária, similar à TV Educativa existente em outros Estados. O reitor Paulo Speller disse
que a programação será ampliada
para atender os movimentos sociais, incluindo os índios.
Cabelo de Milho acrescenta que
a idéia é ter um canal próprio,
com sinal por satélite. Esse modelo, segundo Raoni, foi inspirado
nos "parentes dos caiapós" no Canadá e nos Estados Unidos, onde
haveria 54 emissoras indígenas.
Documentário
Em 1976, Raoni teve o primeiro
contato com as câmeras, quando
ajudou a filmar o documentário
do francês Jean Pierre Dutilleux,
"Mostrei a Floresta." O documentário ficou famoso ao ser narrado
por Marlon Brando, em 1979,
com o título "Raoni: a Luta pela
Amazônia".
Um ano depois, o cacique ganhou fama ao assumir os assassinatos de 11 peões que entraram
nas terras dos índios. Na ocasião,
ele mostrou a borduna (arma de
madeira), usada contra os homens. A partir daí, percorreu o
mundo ao lado do roqueiro inglês
Sting com a bandeira de preservação da Amazônia.
Para os caiapós, o projeto da TV
Indígena não é bem uma novidade. Em 1993, o índio caiapó Kiabet
Metuktire passou uma semana
em São Paulo para levar imagens
da cidade grande para a aldeia.
Megaron Txucarramãe, sobrinho de Raoni, apresentou naquele mesmo ano, no Japão, vídeos
com imagens da aldeia.
Texto Anterior: História: Há 100 anos, Brasil anexava o Acre Próximo Texto: PSDB: Deputado é eleito para diretório tucano em SP Índice
|