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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Parlamentares argumentam que petista foi "genérico" e não respondeu às dúvidas da CPI dos Bingos; ministros defendem que ele fique no cargo
Oposição dá como certa ida de Palocci à CPI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição saiu convencida de
que adotou a tática certa ao se negar a fazer perguntas ao ministro
Antonio Palocci sobre as denúncias que pesam contra ele. Palocci
compareceu ontem à Comissão
de Assuntos Econômicos (CAE)
do Senado e, no meio de seu depoimento, senadores do PFL já
davam como certa a sua convocação para prestar depoimento na
CPI dos Bingos -tudo o que o
governo queria evitar.
"Ele não respondeu às dúvidas
da CPI [dos Bingos]", afirmou o
relator Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN). "Suas afirmações
foram muito genéricas e não
abordaram determinados temas
porque só quem faz as perguntas
é que pode saber se os questionamentos são esclarecidos."
Ele se referia ao discurso do ministro, no qual Palocci negou que
fizesse caixa dois na Prefeitura de
Ribeirão Preto, disse que está sendo perseguido politicamente, e
que a denúncia da revista "Veja"
sobre o suposto envio de dólares
de Cuba para a campanha de Lula, em 2002, são falsas.
"Ficamos com a obrigação de
convocá-lo a depor na CPI dos
Bingos", afirmou o relator da CPI.
O líder do PFL no Senado, José
Agripino (RN), disse que o depoimento do ministro não atendeu
às expectativas da oposição. "A
reunião foi burocrática e só serviu
para discutir assuntos econômicos", afirmou Agripino. Para ele,
"ir à CPI é um caminho natural".
Tasso Jereissati (PSDB-CE), que
assume amanhã a presidência de
seu partido, elogiou a iniciativa de
Palocci, que, na CAE, afirmou que
não se oporia a comparecer "em
qualquer instância" que o Senado
quiser. "Ele mesmo disse que está
disposto a ir à CPI", declarou.
O próprio líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), assentiu que é praticamente
impossível que Palocci não seja
convocado pela CPI. "Acho que
foi um erro [da oposição] e uma
oportunidade perdida", disse
Mercadante a respeito da tática
adotada pelo PFL e PSDB.
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), que passou a maior parte do tempo na
mesma mesa que Palocci, afirmou que o ministro compareceu
à CAE "com muita sinceridade,
abertura e transparência". Na semana passada, Renan cobrou a
presença de Palocci no Senado.
"O silêncio dele alimentava o ambiente de crise. Ele foi muito convincente, mais uma vez."
Ministros
Dois dos ministros mais próximos do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na atual crise, Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Ciro Gomes (Integração Nacional)
disseram ontem não ver motivos
para a saída do colega Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e atribuíram a alta temperatura das acusações contra o governo à eleição
presidencial do ano que vem.
"Eu não sei se o ministro pensa
em sair. Mas o fato é que nós vemos, concretamente, ao lado de
denúncias que não o atingem diretamente, uma política econômica coroada do mais absoluto
êxito", afirmou Thomaz Bastos.
Ciro também defendeu o ministro. "O importante é o seguinte:
ou o Palocci é inocente e está sofrendo um cerco oportunista de
falsa motivação ética por fatos ou
alegações que, em tendo ocorrido,
teriam na longínqua década de
90, ou não é verdade. E o Palocci
vai demonstrar, tenho a esperança e séria confiança de que ele demonstrará, como já fez em outras
ocasiões, que é inocente."
(CHICO DE GOIS, ANDRÉA MICHAEL, PEDRO DIAS
LEITE e EDUARDO SCOLESE)
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