São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Um favorito

O mercado gostou. Num título da Folha Online:
- Depoimento repercute bem e Bovespa sobe 0,87%.
Também o dólar, segundo a agência americana Bloomberg:
- Real sobe depois de Palocci defender política econômica.
E o risco-país, num título do Globo Online, "fechou estável".
 
Foi curioso assistir à reação dos analistas de mercado. Nos despachos da Bloomberg, não faltou nem crítica teatral. Eram todos comentários na linha "compostura e habilidade para explicar", "muito convincente", "ótimo orador", "muito bem".
Na agência britânica Reuters, a explicação de que Palocci é "um favorito de Wall Street".
E também, ao que tudo indica, do "Financial Times", que deu reportagem avaliando que "a pressão sobre Mr. Palocci revela o conflito governo-oposição". O "FT" até ecoou o petista Tião Viana, para quem "a oposição manipula a investigação porque descobriu que Mr. Lula da Silva está recuperando sua condição de candidato imbatível".
 
O "Jornal Nacional", indeciso, deu uma escalada sem fim:
- O ministro da Fazenda foi depor à Comissão de Assuntos Econômicos, mas não apenas sobre economia. Palocci nega ajuda financeira de Cuba ao PT em 2002, rebate denúncias de corrupção em Ribeirão Preto e diz que é vítima de uma devassa na cidade. Mas oposição afirma que o depoimento é manobra para evitar ida à CPI dos Bingos.
A transmissão ao vivo pela TV aberta não pegou. Abriu com Band, Rede TV!, Cultura; depois só Cultura; depois nem ela.
Restaram os canais fechados de sempre, além dos portais UOL, Globo.com, Terra e iG -cada vez mais atentos às transmissões de televisão.
 
Nos sites, as manchetes se concentravam nas explicações do ministro da Fazenda.
Folha Online, "Palocci nega desvio de verba em Ribeirão Preto". Globo Online, "Palocci nega que PT recebeu ajuda de Cuba, Angola ou das Farc". Do que foi possível acompanhar, o Terra foi o único a destacar as críticas à polícia e ao Ministério Público paulista, na manchete "Palocci ataca investigações".
O ministro apontou "violação dos direitos individuais".
 
E os blogs, definitivamente, estão exaustos com a crise. Os três blogueiros que fizeram "live blogging" registravam todos, em algum momento, seu fastio.
Josias de Souza, "inquirição vira sessão água com açúcar". Ricardo Noblat, "sessão começa a se esvaziar". E de Jorge Bastos Moreno, o mais esgotado, "tá me dando um sono danado".

ALGORITMOS

news.google.com.br/Reprodução
A home da Google, ontem, para as notícias do Brasil

Estreou, após muito suspense, o portal de notícias do Brasil da Google. Como observou o blog de Tiago Dória, o mecanismo de busca "ainda tem vários bugs", mas lá estava ele, ontem, com links para Folha Online, A Tarde Online, Jornal do Commercio Online, os portais etc. etc. Não existe edição, mas "tecnologia de agrupamento":
- Nossa tecnologia examina os dados de cada artigo nas fontes do Google Notícias, incluindo títulos, texto, horário. Depois aplicamos algoritmos de agrupamento para identificar quais podem ser inter-relacionados.

POR ENQUANTO

Como ironizou o site IDG Now, ontem no UOL, "EUA e Europa clamam "vitória" sobre gestão da internet". Até a Agência Brasil andou clamando vitória para, é claro, o Brasil. Mas não é bem assim, ao menos pelos enunciados que aos poucos foram se firmando, pelo mundo.
O site do "Financial Times" chegou a divulgar que os americanos haviam vencido, mas mudou para "EUA mantêm controle da web, por enquanto". "Guardian", "Batalha da internet termina em empate". "Le Monde", "Encontro abre com compromisso". Para o CNET, do "New York Times", "EUA obtém détente com a ONU".

Um lapso
Após Judith Miller, ninguém menos que Bob Woodward.
O "Washington Post" noticiou que o repórter de Watergate se enroscou no caso do vazamento do nome de uma agente da CIA. O "NYT", que tanto apanhou por Miller, passou o dia com a manchete "Woodward, do "WP", se desculpa por lapso".

Nem guerra
O "Daily Telegraph" noticiou que o brasileiro Jean de Menezes foi morto por uma bala "dum dum", "banida em guerras por convenção mundial". Na BBC, o primo de Jean exigiu de novo a queda do chefe de polícia, agora por "enganar o público".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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