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Renan renunciará em troca de apoio do PT
Peemedebista deve deixar presidência do Senado até quarta, o que facilitaria sua absolvição no plenário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente licenciado do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), espera receber
uma garantia do governo Lula
de que os senadores petistas
votarão em seu favor, na próxima quinta-feira, quando o plenário da Casa analisará o pedido de cassação do senador por
quebra de decoro no caso de sociedade em rádios de Alagoas.
Tal apoio, de acordo com senadores próximos a Renan, deve ser costurado em duas etapas: a primeira, e mais imediata, é renunciar até quarta-feira
ao cargo de presidente da Casa.
Conforme a Folha publicou
ontem, o senador foi aconselhado por aliados a sair antes
da votação que pode deixá-lo
inelegível até 2019, quando terá 63 anos. O argumento é que,
se deixar para renunciar no dia
seguinte, acirraria os ânimos
da oposição, receosa de que, livre da cassação, Renan possa
voltar à presidência. O senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-PI), um dos poucos que compareceram ontem ao Senado, avalia que tal antecipação seria um
"gesto simpático".
CPMF
O segundo momento, e mais
significativo para o governo, seria a promessa de que sua "tropa de choque" votaria a favor da
CPMF. Isso porque, se cassado,
Renan não teria muito esforço
para conseguir levar ao menos
seis senadores para o lado contrário à prorrogação, o que poderia por um fim definitivo a tal
arrecadação.
Para o senador Pedro Simon
(PMDB-RS), que afirma ser
contra a CPMF, essas negociações mostram que o Senado
não tem "mais nenhum compromisso com a sociedade e
com a dignidade do país".
"Hoje em dia, só aprovam assim: Renan e o grupo dele
apóiam a CPMF e, em troca, o
governo garante a sua absolvição", disse Simon: "Lamentavelmente, alguns podem ter
preço. Eu não tenho".
Além do caso Renan, o Planalto também deverá se deparar, na semana que vem, com
outro problema: o mal-estar
gerado com a substituição de
Mozarildo Cavalcanti na CCJ
do Senado poderá tirar o PTB
da base do governo. Cavalcanti,
que ontem se referiu à CPMF
como "imposto mentiroso", foi
substituído com um suposto
aval de sua bancada. "A senadora Ideli [Salvatti (PT-SC), líder
do partido no Senado] me disse
que havia conversado com todos os líderes, inclusive com o
do meu partido. Mas depois me
informaram que isso nunca
aconteceu", disse.
A bancada do PTB deve ser
reunir na próxima terça-feira
para discutir sua permanência
na base. O encontro antecede
reunião da cúpula do partido
-encabeçada pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ)-
marcada para o dia 28 deste
mês, para debater a mesma
questão.
(FELIPE SELIGMAN)
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