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Turismo supera Saúde nas emendas parlamentares
Fim da regra que fixava em 30% o mínimo a ser destinado à saúde explica fato inédito
Ministério das Cidades
lidera com R$ 10,7 bi dos
R$ 62,6 bi pedidos; total
reservado no Orçamento
às emendas é de R$ 11,6 bi
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados federais e senadores apresentaram R$ 62,6 bilhões em emendas à proposta
de Orçamento 2008, valor que
daria para suprir seis anos de
Bolsa Família, o principal programa de transferência de renda do governo federal.
A proposta em tramitação no
Congresso Nacional, entretanto, reserva R$ 11,6 bilhões para
atendimento aos pleitos dos
parlamentares, o que abrange
apenas 18,5% do valor total das
emendas.
Assim como em anos anteriores, obras de transporte e urbanização foram as que receberam maior destinação de recursos -cerca de R$ 20 bilhões. A
novidade é que pela primeira
vez a área de turismo -que em
anos anteriores recebia valores
pouco expressivos- superou
saúde (R$ 4,4 bilhões) e educação (R$ 3,3 bilhões) e, com
R$ 6,3 bilhões, é o terceiro segmento para o qual os congressistas destinaram o maior volume de verbas federais.
Isso tem duas explicações: a
primeira é que neste ano caiu a
regra de que as emendas parlamentares tinham que destinar
pelo menos 30% de seu valor
para a área da saúde. A segunda
é que é informação corrente no
Congresso que as emendas para o Turismo têm sido executadas em ritmo maior que as direcionadas para outras pastas.
Muito disso ocorreria devido
a convênio entre o ministério e
a Caixa Econômica Federal que
teria agilizado a execução orçamentária. A pasta é comandada
pela petista Marta Suplicy, pré-candidata à Prefeitura de São
Paulo, que sucedeu Walfrido
dos Mares Guia (PTB), hoje articulador político do governo.
Trunfo eleitoral
Mais do que beneficiar esse
ou aquele programa, interessa
à maioria dos congressistas ver
sair o dinheiro para a emenda
que apresentou, já que isso representa importante trunfo
eleitoral. Em outubro do ano
que vem, há eleições municipais e pelo menos 155 dos 594
parlamentares têm o seu nome
cogitado como pré-candidatos
a prefeito.
A definição sobre o quê dos
R$ 62,6 bilhões de emendas
apresentadas serão aproveitadas acontecerá nas próximas
semanas. Como nos anos anteriores, isso resultará em intensa negociação entre congressistas, prefeitos, governadores,
empresários, lobistas, relatores
setoriais do Orçamento e o relator-geral, deputado José Pimentel (PT-CE).
"É impossível atender a todas as emendas. Vamos pegar
os recursos disponíveis e dividir pelo número de emendas.
Daí vamos passar um valor específico para cada relator setorial avaliar quais emendas serão atendidas e em que valor",
afirmou Pimentel.
Os ministérios mais contemplados com emendas dos congressistas são os da Cidades
(PP), com R$ 10,7 bilhões,
Transportes (PR), R$ 9,9 bilhões, Turismo (PT), R$ 6,3 bilhões, Saúde (PMDB), R$ 4,4
bilhões, e Educação (PT),
R$ 4,2 bilhões. A previsão é votar a proposta de Orçamento
2008 até 21 de dezembro.
Praxe
A prática de apresentar
emendas em valores bem acima dos recursos reservados para elas é praxe dos congressistas. O recorde dos últimos anos
aconteceu em 2005, quando
deputados e senadores apresentaram R$ 78,2 bilhões em
emendas, sendo que apenas
12,8% delas foram aprovadas
(R$ 9,9 bilhões)
Também vale lembrar que os
recursos incluídos no Orçamento pelas emendas parlamentares são o alvo preferencial dos "congelamentos" de
gastos que o governo promove
todo o início de ano para tentar
equilibrar as contas.
Fora da Esplanada dos Ministérios, os órgãos que tiveram
maior destinação de verbas feita pelas emendas parlamentares são a Presidência da República, com R$ 1,9 bilhão, a Justiça Federal, com R$ 346 milhões, e a Câmara dos Deputados, com R$ 285 milhões.
No lado oposto da conta, as
áreas que tiveram menor atenção dos parlamentares foram
as de relações exteriores (R$ 53
milhões de emendas), energia
(R$ 63 milhões), habitação
(R$ 138 milhões) e Previdência
Social (R$ 300 milhões)
Os ministérios que tiveram a
menor destinação de emendas
são o das Comunicações
(PMDB), com R$ 7,4 milhões, o
das Relações Exteriores (R$ 53
milhões) e o das Minas e Energia (R$ 73 milhões).
O detalhamento das emendas parlamentares feitas pelos
congressistas deve ser divulgado na segunda-feira.
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