São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Queima de arquivo

Enquanto o general Jorge Armando Felix (Gabinete de Segurança Institucional) afirmava na quinta-feira, em palestra a 400 agentes da Abin, que, "infelizmente, foi um colega nosso" que vazou o grampo do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o araponga Nery Kluwe havia sido chamado ao Palácio do Planalto para prestar depoimento sobre o caso. No auditório da Abin, Felix falou por 55 minutos e responsabilizou Kluwe, num indicativo do que deverá concluir a sindicância instalada pelo GSI. Presidente do sindicato da categoria, Kluwe vem em campanha aberta contra o chefe afastado da agência, Paulo Lacerda, campanha esta que já ganhou tom de ameaça nos corredores da Abin.



Histórico 1. A discussão entre Protógenes Queiroz e a cúpula da Polícia Federal durante a reunião que selou seu afastamento da Operação Satiagraha não foi a primeira do delegado com colegas e superiores. Em depoimento à Corregedoria da PF, Paulo de Tarso Teixeira relata ter repreendido Protógenes, inclusive no dia da operação.

Histórico 2. Outro exemplo consta do depoimento da delegada Juliana Ferrer Teixeira, que narrou à corregedoria ter presenciado "uma discussão acalorada" entre Protógenes e seu superior ao telefone. Um dos motivos foi o fato de o delegado ter desrespeitado a orientação para não abandonar a sede da PF e não efetuar pessoalmente a prisão do ex-prefeito Celso Pitta.

Escaninho. Está parado há meses na CPI dos Grampos um requerimento, de autoria do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), solicitando cópia da fita da reunião em que foi decidido o afastamento de Protógenes. A fita chegou a ser oferecida "extra-oficialmente" à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso.

Estrela. Dilma Rousseff (Casa Civil) confirmou presença no encontro de prefeitos do PT, que ocorrerá em 12 de dezembro em Brasília. Oficialmente, falará de PAC, mas espera-se da favorita de Lula um discurso sob medida para o palanque de 2010.

Welcome. Além de viajar muito, Lula também bate recorde na recepção a colegas estrangeiros. Até o final do ano, a lista terá 31 chefes de Estado ou governo recebidos por ele em 2008, seu ano mais movimentado como anfitrião. Só nesta semana chegarão ao Brasil os líderes da Coréia do Sul e da Indonésia.

Caipirinha. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sua mulher, Carla Bruni, devem pular Brasília na visita que farão ao Brasil no final do ano. Depois de encontro com o presidente Lula no Rio, emendam o Natal na cidade.

Um por todos. Entidades como MST, UNE, CUT e Conlutas farão uma campanha nacional para que os recursos da exploração do petróleo do pré-sal sejam usados exclusivamente na área social, assegurados por um fundo constitucional. O slogan será: "O petróleo tem que ser nosso".

Tender. Disposto a manter grande parte da equipe de seu padrinho Fernando Pimentel (PT), o prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), diz não ter pressa em anunciar o secretariado: "Vai ser perto do Natal".

Com moderação. Dono de um dos gabinetes mais freqüentados do Senado em razão da variedade de guloseimas oferecidas, Heráclito Fortes (DEM-PI) colocou um aviso ao lado da nova cesta de trufas "diet" à disposição de funcionários e visitantes: "Comer só uma por dia".

Voltei. Relator da reforma tributária, o deputado Sandro Mabel (GO) é o favorito para ocupar, a partir de janeiro de 2009, a liderança da bancada do PR na Câmara, cargo que exercia na época do escândalo do mensalão.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Só espero que, além do cargo, não entreguem um cartão corporativo na mão da Lurian."

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre a indicação da filha de Lula, cujos seguranças tiveram gastos excessivos com cartões corporativos em Florianópolis, para o secretariado de Djalma Berger (PSB), prefeito eleito em São José (SC).

Contraponto

Hora extra

O presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, conversava com jornalistas sobre a decisão do Supremo de referendar o tribunal eleitoral no que diz respeito à exigência da fidelidade partidária. Um jornalista que chegou atrasado lhe perguntou qual era a importância de tal decisão.
Ele já havia respondido, mas, conhecido pelo temperamento zen, repetiu sua avaliação. Dois minutos depois, apareceu um outro repórter e fez a mesma pergunta. Embora cansado, Britto respondeu sem se alterar. Quando ele já se despedia, um terceiro repórter chegou esbaforido e fez a mesmíssima indagação. Aí o ministro desabafou:
-Às vezes, acho que os senhores me exploram...


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