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Contas da Universal movimentaram R$ 1,4 bi
Transações financeiras sob investigação foram geridas por empresas fora do país relacionadas a cinco doleiros brasileiros
Promotores determinaram devassa nas offshores para tentar encontrar a quantia exata ligada ao fundador da igreja, bispo Edir Macedo
RUBENS VALENTE
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O pedido de cooperação internacional feito pelo Ministério Público de São Paulo ao governo dos EUA para investigar
as contas relacionadas ao bispo
Edir Macedo, líder da Igreja
Universal, tem como alvo a movimentação financeira de seis
empresas "offshores" ligadas a
cinco doleiros brasileiros. Elas
movimentaram, somente nos
EUA, pelo menos US$ 862 milhões, ou R$ 1,47 bilhão, ao
câmbio de ontem.
O valor foi obtido pela Folha
a partir dos arquivos da CPI do
Banestado e de decisão tomada
em 2005 pelo juiz federal do
Paraná Sergio Moro, que acolheu denúncia contra operadores da casa de câmbio Diskline.
A agência, que tinha sede em
São Paulo e filial carioca mas
hoje está desativada, é investigada por suposto envio, fora do
canal do Banco Central, de US$
1,8 milhão para uma conta da
Universal nos EUA, como a Folha revelou em setembro.
A devassa pedida pelos promotores atinge toda a movimentação das seis "offshores"
(sediadas em paraísos fiscais),
mas nem todo o dinheiro está
relacionado à Universal. Há indícios de que se tratavam de
"contas-ônibus", que abrigam
recursos de diferentes empresas e pessoas brasileiras.
O pedido dos promotores foi
encaminhado há duas semanas
ao Departamento de Justiça
americano pelo DRCI (Departamento de Recuperação de
Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional), órgão do Ministério da Justiça. O departamento americano repassou o
pedido para a Promotoria de
Nova York, que analisa o caso.
O objetivo da cooperação é
obter documentos que possam
ser usados na ação penal que
tramita desde agosto em São
Paulo contra Edir Macedo e
nove pessoas da igreja por supostas lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha.
Além disso, os promotores fizeram um relatório aos seus
colegas americanos Adam
Kaufmman e Jon Lenzner pelo
qual avisam que "fatos narrados" no Brasil "revelam crimes
e irregularidades ocorridos nos
Estados Unidos".
Os promotores pediram bloqueio e apreensão de documentos relativos a 15 contas
das "offshores" Milano Finance, Florida Financial Group,
Pelican Holdings, Ourinvest,
Dartley Holdings e a subconta
chamada "Titia", na empresa
Beacon Hill, fechada em 2003
pela Promotoria de Nova York
por transmissão ilegal de fundos. Elas movimentaram -soma de entradas e saídas de dinheiro-, entre meados da década de 90 e 2003, respectivamente US$ 759 milhões, US$
56 milhões, US$ 36 milhões,
US$ 4,1 milhões, US$ 2,2 milhões e US$ 5 milhões.
De acordo com a investigação, essas contas se relacionavam a empresas ligadas à igreja, como a Cableinvest e a Investholding, sediadas em paraísos fiscais. A igreja trazia o
dinheiro de volta ao Brasil por
meio de empréstimos de fachada concedidos por essas duas
empresas a membros da igreja.
Para promotores, o dinheiro
foi usado para comprar veículos como a TV Record, negócio
avaliado em US$ 22 milhões.
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