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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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CASO SANTO ANDRÉ

Adiamento foi pedido por advogados de Gomes da Silva; para Geraldo Alckmin, crime foi "esclarecido"

Interrogatório de empresário é adiado para 2ª

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O interrogatório do empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser um dos mandantes do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), foi adiado para segunda-feira. Ele seria ouvido pela Justiça depois de amanhã.
O adiamento foi solicitado por seus advogados, que alegaram ao juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra (SP), não terem tido acesso aos 40 volumes da ação criminal que corre contra o empresário por homicídio triplamente qualificado. Segundo os advogados Roberto Podval e Adriano Vanni, seria impossível preparar uma defesa sem conhecer o teor das acusações contra Gomes da Silva. O prazo desejado pela defesa era de pelo menos dez dias para estudar o caso.
A defesa informou que Gomes da Silva poderia se manter em silêncio durante o interrogatório, caso não tivesse acesso ao processo criminal. Dos 40 volumes, os últimos cinco referem-se à investigação desenvolvida pelos promotores criminais de Santo André, que colocaram Gomes da Silva como um dos mandantes do assassinato do prefeito.
Até então, o processo criminal era restrito a seis homens da favela Pantanal, todos presos sob a acusação de terem assassinado Daniel. Foi a partir da denúncia (acusação formal à Justiça) que eles passaram a configurar como os contratados por Gomes da Silva para matar o prefeito.
Para os promotores, é contraditória a atitude da defesa de pedir um prazo maior para estudar o processo. Eles alegam que os advogados do empresário tiveram acesso a toda a investigação em 21 de outubro.
"Eu estranho a postura do advogado porque até hoje ele tem dito que não existem provas contra o cliente dele. Agora pede o adiamento do interrogatório porque não teve tempo de estudar o processo", afirmou um dos promotores criminais do caso, Amaro José Thomé Filho.
O prefeito de Santo André foi sequestrado pela quadrilha da favela Pantanal na noite de 18 de janeiro do ano passado, quando voltava de um jantar com o empresário Gomes da Silva. Dois dias depois, Daniel foi encontrado morto a tiros em uma estrada de terra em Juquitiba (SP).

Alckmin
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem em Santos (SP) que, embora o Ministério Público tenha reaberto o inquérito e denunciado o empresário Gomes da Silva como mandante do crime, considera o episódio "esclarecido" pela polícia paulista.
"O caso foi esclarecido, e os assassinos foram presos. O que se discute é se existiu um mandante e o que motivou esse crime."
Questionado se a investigação do Ministério Público que resultou na prisão de Gomes não colocava em xeque o trabalho da polícia paulista, Alckmin afirmou que "naquele momento" a polícia entendeu que não havia elementos suficientes para identificar o suposto mandante do crime.
Alckmin transferiu ontem a estrutura de governo para a Baixada Santista como parte das atividades do chamado "Fórum São Paulo: Governo Presente".
Durante o evento, o governador alfinetou a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). "No caso da Prefeitura de São Paulo, não são destacadas as parcerias [com o governo estadual]", declarou.
Indagado se queria dizer que a prefeita não reconhece a participação do Estado nas iniciativas conjuntas, ele respondeu: "Essa é uma conclusão inteligente sua".


Colaborou a Agência Folha, em Santos

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