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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em evento acompanhado do colega venezuelano, Hugo Chávez, petista diz que, quando decidir sobre sua candidatura à reeleição, "será para ganhar"
Lula afirma que oposição perderá fôlego
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A IPOJUCA (PE)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que, após
"meses na rua gritando", a oposição irá perder "fôlego" até as eleições de 2006. Disse ainda que, o
dia em que decidir se irá disputar
a reeleição ou não, "será para ganhar". As declarações foram feitas
em Ipojuca (57 km de Recife-PE),
na mesma semana em que o presidente perde, pela primeira vez, a
ponta na preferência do eleitorado nas intenções de voto.
"Sei que no Brasil o clima já é
pré-eleitoral. No meu caso, a minha oposição já está na rua gritando há alguns meses. E eu acho que
o fôlego vai terminando quando
vai se aproximando a data das
eleições", disse o presidente. Lula
estava acompanhado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no lançamento da pedra fundamental da refinaria de petróleo
Abreu e Lima, no complexo industrial e portuário de Suape.
A construção da refinaria está
sendo feita por uma parceria entre a brasileira Petrobras e a venezuelana PDVSA. Cerca de 4.000
pessoas assistiram ao evento (leia
texto nesta página).
O presidente voltou a criticar a
imprensa. Comparou-a à mídia
venezuelana -na semana passada, já havia comparado a oposição brasileira à daquele país-, citou ofensas pessoais das quais
Chávez foi vítima e disse jamais
ter imaginado que a mídia pudesse "agir da forma que agiu" com o
presidente venezuelano.
"Estamos vivendo no Brasil algo
semelhante. Estamos vivendo um
momento em que as pessoas não
têm preocupação de saber se é
verdade ou não a denúncia", afirmou o presidente brasileiro, segundo o qual tais denúncias "deixam a alma de cada pessoa atacada" e, em muitos casos, não há pedidos de desculpa quando se
constata um erro.
Juscelino e Getúlio
Dizendo ter ficado "tolerante"
com o tempo, Lula usou uma citação recorrente em seus discursos:
Juscelino Kubitschek, que, nas
suas palavras, foi vítima de "um
massacre" por parte da imprensa.
"Quarenta e cinco anos depois,
vejo uma propaganda na TV Globo: estão fazendo um documentário especial sobre o mais importante presidente que o país já teve", afirmou Lula. Ele também citou Getúlio Vargas, que, segundo
ele, foi vítima de um "ódio de pequena parcela da elite brasileira"
por ter criado os direitos trabalhistas no país.
"A democracia, para algumas
pessoas aqui no Brasil, era boa
quando o povo tinha apenas o direito de gritar que estava com fome, porque, na cabeça de alguns,
esse era o limite da democracia",
discursou Lula, a uma platéia simpática, que vibrava a cada frase
mais enfática do presidente.
A platéia era formada por correligionários do deputado Eduardo
Campos (PSB-PE), pré-candidato
ao governo de Pernambuco, e de
petistas, que se dividiam entre as
pré-candidaturas do partido ao
governo: a de João Paulo, prefeito
de Recife, e a do ex-ministro da
Saúde, Humberto Costa. Prefeituras da região metropolitana enviaram ônibus para o lançamento
da refinaria. No pacote para os aliciados, além do transporte, constava uma camiseta de agradecimento pela obra e um lanche.
Como fazia na campanha de
2002, ele recorreu à sua origem
humilde para explicar os ataques
dos quais é alvo. "Não estavam
preparados para que a democracia levada às suas últimas conseqüências fizesse de um torneiro
mecânico presidente da República. Não estava no prognóstico" ,
disse Lula. "Estamos provando
que a democracia é o melhor dos
instrumentos, pois ela permite
que tanto um grande empresário
quanto um operário cheguem à
Presidência da República."
Antes de terminar, o presidente
falou sobre sua eventual candidatura nas eleições presidenciais do
ano que vem. Voltou a dizer que
não fará "jogo rasteiro dos adversários". "No dia em que eu decidir
se serei candidato, será para ganhar as eleições. Se decidir não ser
candidato, iremos escolher um
companheiro para ganhar as eleições", afirmou o presidente.
As obras para a construção da
refinaria devem seguir até 2011. O
investimento é de US$ 2,5 bilhões,
divididos meio a meio entre Petrobras e PDVSA. O governo espera criar 230 mil postos de trabalho com a obra.
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