São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 2005

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Em evento acompanhado do colega venezuelano, Hugo Chávez, petista diz que, quando decidir sobre sua candidatura à reeleição, "será para ganhar"

Lula afirma que oposição perderá fôlego

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A IPOJUCA (PE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, após "meses na rua gritando", a oposição irá perder "fôlego" até as eleições de 2006. Disse ainda que, o dia em que decidir se irá disputar a reeleição ou não, "será para ganhar". As declarações foram feitas em Ipojuca (57 km de Recife-PE), na mesma semana em que o presidente perde, pela primeira vez, a ponta na preferência do eleitorado nas intenções de voto.
"Sei que no Brasil o clima já é pré-eleitoral. No meu caso, a minha oposição já está na rua gritando há alguns meses. E eu acho que o fôlego vai terminando quando vai se aproximando a data das eleições", disse o presidente. Lula estava acompanhado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no lançamento da pedra fundamental da refinaria de petróleo Abreu e Lima, no complexo industrial e portuário de Suape.
A construção da refinaria está sendo feita por uma parceria entre a brasileira Petrobras e a venezuelana PDVSA. Cerca de 4.000 pessoas assistiram ao evento (leia texto nesta página).
O presidente voltou a criticar a imprensa. Comparou-a à mídia venezuelana -na semana passada, já havia comparado a oposição brasileira à daquele país-, citou ofensas pessoais das quais Chávez foi vítima e disse jamais ter imaginado que a mídia pudesse "agir da forma que agiu" com o presidente venezuelano.
"Estamos vivendo no Brasil algo semelhante. Estamos vivendo um momento em que as pessoas não têm preocupação de saber se é verdade ou não a denúncia", afirmou o presidente brasileiro, segundo o qual tais denúncias "deixam a alma de cada pessoa atacada" e, em muitos casos, não há pedidos de desculpa quando se constata um erro.

Juscelino e Getúlio
Dizendo ter ficado "tolerante" com o tempo, Lula usou uma citação recorrente em seus discursos: Juscelino Kubitschek, que, nas suas palavras, foi vítima de "um massacre" por parte da imprensa.
"Quarenta e cinco anos depois, vejo uma propaganda na TV Globo: estão fazendo um documentário especial sobre o mais importante presidente que o país já teve", afirmou Lula. Ele também citou Getúlio Vargas, que, segundo ele, foi vítima de um "ódio de pequena parcela da elite brasileira" por ter criado os direitos trabalhistas no país.
"A democracia, para algumas pessoas aqui no Brasil, era boa quando o povo tinha apenas o direito de gritar que estava com fome, porque, na cabeça de alguns, esse era o limite da democracia", discursou Lula, a uma platéia simpática, que vibrava a cada frase mais enfática do presidente.
A platéia era formada por correligionários do deputado Eduardo Campos (PSB-PE), pré-candidato ao governo de Pernambuco, e de petistas, que se dividiam entre as pré-candidaturas do partido ao governo: a de João Paulo, prefeito de Recife, e a do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa. Prefeituras da região metropolitana enviaram ônibus para o lançamento da refinaria. No pacote para os aliciados, além do transporte, constava uma camiseta de agradecimento pela obra e um lanche.
Como fazia na campanha de 2002, ele recorreu à sua origem humilde para explicar os ataques dos quais é alvo. "Não estavam preparados para que a democracia levada às suas últimas conseqüências fizesse de um torneiro mecânico presidente da República. Não estava no prognóstico" , disse Lula. "Estamos provando que a democracia é o melhor dos instrumentos, pois ela permite que tanto um grande empresário quanto um operário cheguem à Presidência da República."
Antes de terminar, o presidente falou sobre sua eventual candidatura nas eleições presidenciais do ano que vem. Voltou a dizer que não fará "jogo rasteiro dos adversários". "No dia em que eu decidir se serei candidato, será para ganhar as eleições. Se decidir não ser candidato, iremos escolher um companheiro para ganhar as eleições", afirmou o presidente.
As obras para a construção da refinaria devem seguir até 2011. O investimento é de US$ 2,5 bilhões, divididos meio a meio entre Petrobras e PDVSA. O governo espera criar 230 mil postos de trabalho com a obra.


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