São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Painel

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Foi só o começo

O apetite dos parlamentares não vai se esgotar com 91% de aumento salarial. O próximo passo será uma campanha pela realização de obras orçadas em R$ 110 milhões, que incluem reforma de gabinetes e apartamentos, construção de um minishopping e de uma nova biblioteca e até a abertura de um túnel sob a Esplanada dos Ministérios. Um lobby particularmente ativo é o que visa a construção de 71 banheiros em gabinetes que não dispõem desse conforto.
No momento, como a reação do público ao aumento é a pior possível, os presidentes Aldo Rebelo (Câmara) e Renan Calheiros (Senado) dizem que vão congelar as obras. Mas parlamentares com lugar nas Mesas Diretoras garantem que o tema voltará logo à pauta.

Homem de visão. O aumento de 91% no salário dos parlamentares é ainda maior que o defendido há dois anos por Severino Cavalcanti (PP-PE), mesmo descontada a inflação. "Ele merece uma estátua", sugere um deputado.

Forno e fogão. Com o desmonte do apartamento funcional de José Janene, que ganhou fama como uma espécie de central distribuidora de recursos para a bancada do PP, deputados estão disputando a tapa o passe de Cleide, cozinheira de mão cheia do mensaleiro. Os pepistas Ciro Nogueira (PI) e João Pizzolatti (SC) têm mais chances.

Cenoura. O PT tem um plano para alavancar Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pela presidência da Câmara: instalar Marta Suplicy em um ministério farto em emendas, como o das Cidades, e, a partir desse posto avançado, atrair apoios ao líder do governo.

Minoritários. Um petista que sabe das coisas faz pouco da disputa entre "o grupo do Tarso Genro" e "o grupo do Zé Dirceu": "Somados, eles não têm hoje 15% do partido".

Pacotinho. Em jantar no Alvorada, Lula avisou que o tão esperado pacote para destravar a economia vai se resumir a medidas para desonerar setores como o da construção. Estavam presentes o ministro Guido Mantega (Fazenda), o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o deputado Delfim Netto (PMDB-SP) e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

El Cid. Depois de admitir publicamente a possibilidade de apoiar Ciro Gomes (PSB) para o Planalto em 2010, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, só não cai do cavalo por um motivo: FHC e José Serra têm ainda menos vontade de ver Geraldo Alckmin sentado em seu lugar.

Laboratório. O PSDB vai defender que as eleições municipais de 2008 sejam disputadas com voto distrital para vereadores nas grandes cidades. Seria um teste para implementar o sistema em outros níveis dois anos depois. Serra é um dos pais da idéia.

Voto remoto. O TSE estuda uma forma de restabelecer a possibilidade de voto em trânsito a partir de 2008. Em média, cerca de 5% do eleitorado justifica a ausência. Hoje, isso representa um universo de 6.300.000 eleitores.

Travado 1. O Ministério Público Federal entrou com ação para tentar barrar a construção do "Portal da Amazônia", projeto de quase R$ 130 milhões que prevê intervenção na orla de Belém (PA). Os procuradores alegam que a licitação foi feita antes dos estudos para o impacto ambiental das obras.

Travado 2. Também no Pará, um perito responsável pela denúncia de envolvimento de policiais no transporte ilegal de madeira no oeste do Estado passou a receber ameaças. A Polícia Federal deve entrar no caso.

Leilão. Paulo Bezerra, superintendente da PF na Bahia, recebeu convites de Eduardo Campos (PSB-PE) e Jaques Wagner (PT-BA) para ser secretário de Segurança. O petista ganhou a parada.

Tiroteio

Não corremos risco de fuga. Os cérebros já deixaram o Congresso faz algum tempo.


Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV-RJ), em resposta ao colega José Múcio (PTB-PE), que justificou a duplicação do salário dos parlamentares alegando que, "se não tiver aumento, vai haver fuga de cérebros".

Contraponto

Ciranda aérea

Ministro da Fazenda de Itamar Franco e do Meio Ambiente de FHC, Gustavo Krause foi chamado a participar do jantar de final de ano do PFL, realizado na terça. Em carta, explicou à direção de seu partido por que não achava uma boa idéia se deslocar de Recife até Brasília:
-O convite para confraternizar com os amigos no dia 12 tocou no meu coração, mas sublevou meu instinto de conservação. Compreendam. Não sei se embarco; se embarcar, não sei se chego; se chegar, não sei se volto e, voando, estarei bem pertinho do céu.
Krause então concluiu:
-Chegada a hora, irei para o céu, mas não tenho pressa!


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