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Pesquisa aponta Lula como melhor presidente do país
Expectativa para o 2º mandato é alta, mas diminui em relação a 2002, diz Datafolha
Percepção dos problemas relacionados à miséria e ao desemprego diminui, mas aumenta preocupação com saúde, ensino e corrupção
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da transição entre o primeiro e o segundo
mandato, Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) surge como o presidente mais bem avaliado da
história do Brasil e cercado de
uma forte expectativa positiva
entre a maioria dos brasileiros:
59% esperam um segundo
mandato ótimo/bom.
O principal legado do primeiro mandato, segundo nova pesquisa nacional do Datafolha, é
uma diminuição na percepção
de problemas relacionados à
miséria e ao desemprego e um
aumento relativo de dificuldades em outras áreas, como saúde, educação e corrupção.
Lula, que venceu a eleição
com mais de 20 milhões de votos de diferença em relação ao
ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) após uma campanha dominada por denúncias
contra seu governo, é apontado
espontaneamente por 35% dos
entrevistados como o melhor
mandatário que o Brasil já teve.
O percentual equivale a praticamente o dobro da preferência obtida pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) no final de 2002 (18%),
quando o tucano encerrou seu
segundo mandato.
Na pesquisa atual, enquanto
Lula tem 35%, FHC caiu para
12%. Os próximos mais bem
avaliados são Juscelino Kubitscheck (11%), Getúlio Vargas
(8%; 21% entre os com mais de
60 anos) e José Sarney (5%).
Lula também encerra o primeiro mandato com 52% dos
brasileiros considerando seu
governo ótimo/bom, o maior
patamar entre quatro presidentes avaliados pelo Datafolha desde a redemocratização.
O melhor índice até aqui (53%)
pertence ao próprio Lula, obtido às vésperas do 2º turno eleitoral de 2006.
Esperança menor
A expectativa para o segundo
mandato de Lula, que começa
em 1º de janeiro, é mais positiva
que a sua atual avaliação: 59%
esperam que ele faça um governo ótimo/bom. Nesse ponto,
porém, há uma diminuição das
esperanças depositadas em Lula. Antes da posse em 2003,
76% aguardavam um governo
ótimo/bom -um recorde.
No caso de FHC, apenas 41%
esperavam um governo ótimo/bom dias antes da transição do primeiro para o segundo
mandato, no final de 1998. Na
época, enquanto o país mergulhava em uma crise que levou a
uma forte desvalorização do
real em 99, apenas 35% avaliavam FHC como ótimo/bom.
A pesquisa Datafolha, feita
no dia 13 de dezembro entre
2.178 brasileiros em 111 municípios de 23 Estados e do Distrito
Federal, tem margem de erro
de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A exemplo dos resultados
dos levantamentos pré-eleitorais, destaca-se o fato de que
quanto mais pobre e menos escolarizado for o entrevistado,
maior será seu apoio e satisfação com Lula. Regionalmente,
os moradores do Sul e do Sudeste também continuam como os maiores críticos.
No final de 1998, a aprovação
de 35% do governo FHC era
mais homogênea: 40% dos que
tinham renda até dois salários
mínimos o aprovavam; 33%
dos com renda de cinco a dez
salários; e 36% dos que ganhavam mais de dez mínimos.
Desemprego
Embora a falta de trabalho
permaneça no topo das preocupações, caiu de 31% no início de
2003 para 27% agora o total dos
que afirmam espontaneamente ser o desemprego o principal
problema. O índice chegou a
49% em março de 2004.
Criados 5 milhões de novos
empregos com carteira assinada e obtida uma melhor distribuição de renda entre 2003 e
2006, os brasileiros apontam
agora para outros problemas.
Eles são relacionados à qualidade da saúde (6% apontavam
como problema em 2003, contra 17% agora), da educação
(subiu de 4% para 9%) e à existência de corrupção no governo
(2% para 6%, o maior percentual do primeiro mandato).
Também de forma espontânea, a saúde é avaliada como a
área de pior desempenho no
primeiro mandato de Lula. Subiu de 4% para 18% o total dos
que avaliam mal a área entre
2003 e 2006.
Já o combate à corrupção teve o pior desempenho para 8%
dos entrevistados na pesquisa
da semana passada. No início
do governo, era 1%.
Segurança
A avaliação do desempenho
do governo Lula em outras
áreas de grande interesse da
população, como trabalho e segurança, ficou praticamente estável entre 2003 e agora.
Para Luiz Felipe de Alencastro, professor de história do
Brasil na Universidade de Paris-Sorbonne, a forte expectativa positiva em relação a Lula
vem de uma "reiteração da legitimidade" do presidente.
"Depois de toda a crise política e da existência de um segundo turno, que foi apontado como uma derrota, Lula venceu
com 20 milhões de votos, o que
restabeleceu uma perspectiva
de unanimidade", afirma.
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