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Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil
Evolução dos vencimentos desde a redemocratização mostra que aumento de 91% já foi superado na época do Plano Collor
Salto mais significativo de reajuste ocorreu ao final da Assembléia Constituinte; salário teve crescimento de R$ 4,3 mil para R$ 33,5 mil
LETÍCIA SANDER
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O salário de R$ 24,5 mil fixado na semana passada pelos
atuais deputados e senadores
não é o maior valor pago desde
a redemocratização. Em março
de 1990, logo após a aprovação
da Constituição, os congressistas chegaram a ganhar R$ 60,8
mil, em valores já atualizados
-148% a mais do que será pago
a partir de fevereiro de 2007.
O menor contracheque de
deputados e senadores é de setembro de 1987, quando eles receberam R$ 3.237 (sempre em
valores atualizados) -ou o
equivalente a 13,1 salários mínimos da época-, e que representa apenas 13% do valor
aprovado pela atual Legislatura. Todos os valores foram corrigidos pelo IPCA.
A comparação com os reajustes desde a redemocratização,
em 1985, mostra que de 1988 a
1990 os congressistas receberam os mais altos salários. Em
outubro de 1988, mês da promulgação da Constituição, foi
registrado o primeiro grande
salto -os vencimentos passaram de R$ 4.637 para R$
33.509. Em março de 1990, os
salários chegaram a R$ 60.849,
o valor mais alto até hoje.
"Na Constituinte, havia um
trabalho dobrado e o salário era
baixo. Como havia uma reclamação muito grande, resolveram dar uma gratificação", afirmou o então diretor-geral da
Câmara, Adelmar Sabino. À
época, a Casa era presidida por
Ulysses Guimarães (PMDB).
De 1985 a setembro de 1988, os
salários foram os mais baixos
de todo o período analisado, variando de R$ 3.237 a R$ 6.610.
O chamado "baixo clero" (deputados de pouca expressão
política) sempre existiu no
Congresso. "Tinha um grupo de
deputados que não estava nem
aí porque não precisava do dinheiro. Já outros eram tão endividados que o Banco do Brasil
não dava nem talão de cheques.
Eles iam sacar salário com cheque avulso", disse Sabino, lembrando-se da hiperinflação da
gestão Sarney (1985-1990).
Passado esse período, a gratificação foi incorporada aos salário, mas os reajustes passaram a ser "engolidos" pela inflação da época. No governo
Collor (1990-1992), os salários
dos congressistas ficaram em
torno de R$ 20 mil. O padrão foi
seguido nos governos Itamar
Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O salário de R$ 24,5 mil
é o maior desde a implantação
do Plano Real, em 1998.
A equiparação com os vencimentos dos ministros do STF é
um antigo sonho do "baixo clero". Em 2002, final da gestão de
Aécio Neves (PSDB) na presidência da Câmara, ele evitou o
desgaste de dobrar o salário dos
parlamentares diretamente.
Em compensação, Aécio criou a
chamada "verba indenizatória", uma das cotas extra-salariais, hoje de R$ 15 mil.
A maior discrepância dos
vencimentos na comparação
com o salário mínimo foi em
abril de 1992 -nesse mês, o salário dos parlamentares, de R$
25,4 mil, correspondia a 169
mínimos. Os R$ 24,5 mil equivalem a 70 mínimos.
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